Paulo Freire e a construção de uma educação crítica

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Mariane Barbosa Matos, Ceará.

“Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.” Paulo Freire

Quase todo mundo já ouviu falar em Paulo Freire, um grande educador e teórico nordestino que revolucionou a forma de se pensar a educação. Em 1963, ficou mundialmente conhecido por sua famosa experiência “Quarenta horas de Angicos”, realizada em Angicos (RN), onde alfabetizou em torno de 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais que, em grande maioria, não tinham acesso à escola. Esta experiência foi interrompida em 1964, pela Ditadura Militar. No mesmo ano, acusado de subversão, Freire passou 72 dias na prisão e, em seguida, partiu para o exílio no Chile, onde ficou por volta de 5 anos e escreveu sua principal obra: Pedagogia do Oprimido (1968).

Durante sua vida, Paulo Freire defendeu a construção de uma educação do povo e para o povo. Esta educação deve estar compromissada com a transformação da sociedade capitalista em uma nova sociedade, sem classes e livre de toda forma de exploração e opressão impostas às camadas populares. Para o educador, ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo. A educação é vista como ato político, que pode ser utilizada para a manutenção do sistema econômico capitalista vigente ou realizar um movimento de ruptura contra o mesmo, em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Um dos principais objetivos da educação libertadora defendida por Freire, é a valorização da cultura popular, dos saberes e dos conhecimentos construídos pelo Povo. Para isso, é necessário compreender o protagonismo das camadas populares nos processos educativos, e, mais ainda, destacar o seu papel revolucionário e de vanguarda na construção de uma nova sociedade.

No dia 04 de maio deste ano, completaram-se 23 anos da morte de Paulo Freire. E, apesar de ser patrono da educação brasileira desde 2012, a obra e o legado de Freire têm sofrido grandes ataques no Brasil, protagonizados principalmente pelo atual presidente Jair Bolsonaro e sua corja de fascistas. “Energúmeno” foi uma das palavras utilizadas por ele em um de seus ataques ao educador pernambucano.

Defender o legado freiriano no atual contexto é defender a luta por uma educação verdadeiramente democrática, comprometida com os interesses e demandas de quem realmente constrói o nosso país: a classe trabalhadora.

É importante que nos apropriemos e defendamos em todos os espaços de luta, especialmente nos de educação, as ideias de Paulo Freire. Este educador brasileiro e revolucionário mostrou um caminho para tornar real a emancipação das camadas populares, por meio de processos educativos políticos, preocupados com a formação de sujeitos críticos, conscientes sobre o seu dever histórico de enfrentar o capitalismo.
Apenas a educação de forma isolada não é capaz de transformar a atual sociedade capitalista injusta em uma outra justa, sem classes. Porém é indiscutível que sem educadores e educadoras comprometidos com esta luta, construindo uma educação crítica, seguiremos sem avanços e conquistas para as classes oprimidas.