A importância do Centro Acadêmico na luta antifascista

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Estudantes do curso de filosofia da UnB em frente ao Centro Acadêmico (CAFIL)

Por Edson Victor e Wesley Almeida*

BRASÍLIA. No dia 3 de junho de 2020 algumas conversas do grupo dos alunos do curso de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB) em uma rede social foram gravadas e mandadas para o Movimento Brasil Livre (MBL). O conteúdo das conversas dos alunos era em tom mais informal, onde falavam sobre as perspectivas que tinham sobre o Ato do dia 13 de junho como também conversavam sobre “memes”. Porém, o MBL usou de má-fé para acusar os discentes de filosofia de “terroristas” e “vagabundos”. Essas acusações por mais infundadas fez com que o Centro Acadêmico de Filosofia sofresse uma série de ameaças partindo de fascistas, diziam coisas como “iremos pegar vocês na rua”, “esse bando de vagabundo tem que morrer”. Efetivamente, as pessoas e entidades que se posicionam e se colocam a construir uma luta contra o autoritarismo e contra o fascismo são atacados como “terroristas” por esses grupos, mas não podemos e não iremos nos amedrontar. Não recuamos e seguimos construindo atos Antifascistas e Antirracistas e assim seguirá. Defenderemos a democracia.

Não se deve deixar que esses covardes e reacionários cresçam através de ataques infundados e fake news. Para desmascarar o oportunismo desses grupos que para desmobilizar os estudantes e fazer terrorismo psicológico com as pessoas usam de mecanismo como ameaças e fake news, é necessário que os estudantes, as entidades estudantis e a população desmascararem publicamente esses oportunistas, expondo suas contradições. Porém, deve-se tomar cuidado ao tratar com essas situações pois é necessário expor as mentiras desses grupos, mas promover de forma alguma. E para que nós, estudantes e entidades estudantis, possamos ter autoridade para denunciar esses grupos e garantir o reconhecimento das nossas denúncias entre a população precisamos nos organizar politicamente dentro das universidades do lado dos interesses dos estudantes.

O maior interesse dos estudantes é conseguir concluir a sua graduação e para isso precisam ter  condições materiais, algo que está em falta, pois nesse contexto de pandemia causada pelo vírus COVID-19, onde quarentena social foi estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a melhor forma de combater o vírus e conter a pandemia, os estudantes de baixa renda que além de estudar precisam trabalhar estão em uma situação muito delicada financeiramente, e isso interfere de forma negativa nas condições materiais dos alunos. Efetivamente, o comerciante e o pequeno empresário que estão parados optaram por demitir muitos funcionários ao invés de arcar com os direitos dos trabalhadores. Ocorreu um aumento no desemprego da população pobre e isso afeta diretamente os estudantes, pois muitos deles também são trabalhadores e não estão conseguindo manter suas rendas.  As políticas de auxílios da UnB sofreram uma drástica redução devido aos cortes no investimento na Educação, com isso a Universidade não consegue garantir subsídio monetário à todos os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, e as políticas públicas governamentais de auxílio econômico às pessoas de baixa renda também não são suficientes para conseguir abarcar todos e garantir os direitos básicos de vida do povo pobre.

Nesse sentido, grupos de alunos e entidades estudantis em diversas universidades pelo país estão organizando redes de solidariedade para auxiliar os próprios estudantes e a comunidade local que necessitam. A UnB é uma das universidades que tem esse trabalho, o Centro Acadêmico de Filosofia está organizando uma campanha de solidariedade chamada “Adote um filósofo”, através de um edital elaborado pelo próprio Centro Acadêmico, os alunos do curso de filosofia poderão se inscrever para receber um auxílio de 200 reais mensais. A campanha começou no segundo mês após o Governo do Distrito Federal declarar estado de quarentena, o dinheiro repassado aos alunos é arrecadado através de doações por parte da comunidade acadêmica e comunidade externa à UnB. A organização centralizada dos alunos está conseguindo ajudar financeiramente 15 alunos desde o início da quarentena. 

O Centro Acadêmico de Filosofia e os discentes do curso de Filosofia, ao contrário do que acusam, não são compostos por terroristas e vagabundos. Mas, sim, por pessoas comprometidas em construir uma universidade mais plural e que seja capaz de um estudante de baixa renda permanecer e concluir a sua graduação.

                                      *membros do Centro Acadêmico de Filosofia UnB.

Manifestantes em Brasília – Estudantes de filosofia na Esplanada dos Ministérios (foto: reprodução)