UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Carta | “Luta e Fé”

Outros Artigos

ENVIE SUA CARTA – O Jornal A Verdade também é construído com as cartas e opiniões da classe trabalhadora. (Foto: Jornal A Verdade)
Gabriel Xavier

RIO DE JANEIRO – O que move as pessoas, em circunstâncias gerais, são suas ideias. O capitalismo, na mente de cada um, seja explorador ou explorado, é uma questão de fé. Fé em que os estabelecimentos funcionarão no horário que prometem. Fé em que as entregas serão feitas. Fé em que o dinheiro é unidade de conta, reserva de valor e que possui liquidez. Fé em que as mercadorias que comprar irão lhe prover bem-estar e felicidade. Fé em que os políticos em quem votar irão lhe representar. Fé em que o juiz será justo. Fé em que a polícia protege. Fé em que a escola educa. Fé em que os meios de comunicação informam. Ou seja, fé em que as instituições que servem ao capital também lhe servem.

É óbvio que de alguma forma nos fornece algo, porém, é importante salientar que, na maior parte do tempo, nos frustra. E, dia após dia, internalizamos, reproduzimos e esquecemos essas frustrações. De forma geral, essas ideias que em nós se instalam e nos programam a crer são a constituição da superestrutura do sistema em nossas mentes. Dessa forma, a famosa frase “o que falta para derrubar o capitalismo são as condições subjetivas, pois as condições objetivas já estão maduras” possui sinergia com as sentenças acima.

Assim, para derrubar o capitalismo é necessário derrubar a fé nesse sistema e criar a fé na revolução.

Alguns vão banalizar e jogar para o campo metafísico dizendo que “é mera questão de fé”. Mas é justamente por ser questão de fé que não deve ser banal. É justamente por ser questão de fé que é tão determinante. Pois a fé é um fator psicológico e não religioso, metafísico e idealista.

A fé faz as pessoas realizarem desde as maiores besteiras até mesmo as maiores obras-primas. E não me venham dizer que fé é o contrário de ceticismo, pois ser cético é questionar o conhecimento que se tem das coisas mais banais, até mesmo das mais fundamentais; ou seja, o contrário de ser cético é ser pedante, teimoso, arrogante, fanático etc.

Ter fé é ter um atalho mental para guiarmos nossas ações. Logo, o contrário de ter fé é o desinteresse, a melancolia, a apatia.

O ceticismo separa a fé em algo que não se comprova pelos fatos da fé que se reforça pelos mesmos. Separa a fé idealista da fé materialista. Contrapõe a fé que nos “eternifica” como servos da fé que abole nossas amarras. Ou seja, fé e ceticismo podem e andam bem juntos, pois, no final do dia, não nos pode restar melancolia.

É preciso ter fé de novo. Pra dar poder ao povo. Pra fazer um mundo novo.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes