Por Caio Sad*
BRASÍLIA – Desde março, quando foi convocado o edital do ENEM 2020 em pleno início de pandemia, o movimento estudantil organizou uma grande campanha e conquistou o adiamento da prova. Após a pressão dos estudantes, o MEC decidiu lançar uma consulta pública para os inscritos no ENEM opinarem sobre as datas de realização do exame.
Entre os dias 20 e 30 de junho, mais de 1 milhão de estudantes deram a sua opinião com base em três opções: dezembro de 2020, janeiro e maio de 2021. Na consulta, cerca de 50% dos estudantes escolheram o mês de maio como melhor data para realização das provas contra 35% que votaram no mês de janeiro e 15% em dezembro. O resultado é claro: a maioria quer o adiamento da prova para o mês de maio. Mas, ignorando a voz dos estudantes, o Inep anunciou hoje (08) a nova data para o janeiro do ano que vem.
“Nós da FENET defendemos que o calendário do exame seja ajustado ao calendário das instituições públicas para que menos estudantes sejam prejudicados. Repudiamos totalmente a decisão do MEC de ignorar a voz dos estudantes, demonstrando seu caráter antidemocrático e deixando claro que não está do lado da educação pública e dos estudantes mais pobres.” declarou Giovanna Souza, coordenadora geral da FENET.
Até janeiro, a maioria dos estudantes (principalmente os de escola pública) não vai ter estudado a maior parte dos conteúdos do ano letivo de 2020, os estudantes mais pobres que não tem pleno acesso às ferramentas necessárias para se preparar para a prova serão os mais prejudicados e ficarão de fora da universidade. Realizar o ENEM em janeiro de 2021 representa um grande ataque aos estudantes, visto que ignora a nossa opinião e vai aumentar as desigualdades.
As entidades estudantis como a FENET, UNE e UBES não foram consultadas em nenhum momento, pelo contrário, o ex-ministro Abraham Weintraub sempre fez questão de atacar o movimento estudantil e desrespeitar nossas opiniões.
Os estudantes seguem lutando em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, por livre acesso ao ensino superior, contra as desigualdades sociais.
*Coordenador Geral da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico