Thales Viote
BELO HORIZONTE (MG) – A Ocupação Paulo Freire, localizada na região do Barreiro, periferia de Belo Horizonte, completou cinco anos de vida e muita luta. Esta é mais uma comunidade organizada pelo MLB, que está presente com força, desenvolvendo trabalhos de base na região desde os anos 1990, quando ali vários militantes, como Eliana Silva e Tia Carminha, plantaram as primeiras sementes que foram fundamentais para a formação do Movimento. O início deste processo se deu com a realização da Ocupação Vila Corumbiara, hoje um bairro totalmente consolidado e 100% regularizado, com iluminação pública, saneamento básico, água, energia elétrica e acesso a transporte público, escolas e posto de saúde e título de posse.
A Ocupação Paulo Freire, nesses cinco anos, abriga quase 200 famílias que se cansaram da falta de políticas de habitação por parte do Município e do Estado. À época, o prefeito neoliberal Márcio Lacerda (PSB) concentrava todas as forças reacionárias para o despejo de milhares de famílias que habitavam as ocupações da Izidora (complexo de quatro enormes ocupações localizadas na região norte de BH, divisa com o Município de Santa Luzia). O nascimento de mais uma ocupação sob a bandeira do MLB serviu para dividir as forças de repressão do Estado burguês, o que ajudou as ocupações da Izidora a resistirem e permanecerem de pé até os dias de hoje. A Paulo Freire também jogou por terra a política da Prefeitura de BH de desmontar qualquer reação dos movimentos de moradia na cidade, além de atender aos interesses de centenas de famílias contra a especulação imobiliária.
O terreno onde hoje há vida, entretanto, anos antes tinha sido negociado a preço de banana pelo Governo do Estado de Minas Gerais, durante a administração do PSDB, para uma empresa de ônibus que deveria ter dado alguma função social para aquela região, mas preferiu deixar o local abandonado à espera de sua valorização, ou seja, o processo de especulação imobiliária.
A Ocupação Paulo Freire, assim como a Ocupação Eliana Silva, localizada há poucos metros dali, ainda ajudou na consolidação das ocupações já existentes (Camilo Torres e Irmã Dorothy). Por iniciativa do MLB, as ocupações organizaram um plano para preservar as nascentes de água e vegetações existentes no local e realizaram planejamento para a instalação de um parque ecológico, o “Parque das Ocupações”.
Além disso, a Ocupação Paulo Freire poderá receber uma estrutura para a instalação da Escola Nacional de Formação Eliana Silva, a escola de formação popular do MLB, que, mesmo sem ainda ter a sede física, já promove diversos cursos de formação popular para integrantes do movimento, moradores de comunidades periféricas, estudantes e ativistas sociais em diversas regiões do território nacional.
Recentemente, fruto da organização popular que o MLB desenvolve na comunidade, foi dada decisão judicial de primeira instância obrigando o prefeito Alexandre Kalil e as companhias estaduais de energia elétrica e água e esgoto (Cemig e Copasa) a regularizarem os serviços públicos na comunidade e em outras duas do entorno também organizadas pelo MLB (Ocupações Nelson Mandela e Horta). A Ocupação Paulo Freire é um exemplo de que só perde quem não se organiza para lutar coletivamente.