Por Taylinne Barret e Melissa Fernandes
JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE – A Associação dos Pescadores de Barra de Jangada (APBJ), em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, organizou nesse último sábado (04) uma assembleia em comemoração aos seus 17 anos de regularização, luta e resistência. A associação foi fundada no ano de 2003 e desde então permanece com sua sede localizada às margens da foz do Rio de Jaboatão, em Barra de Jangada. Nos últimos 9 anos esses trabalhadores lutam contra a Etasa Empreendimentos Turísticos A/S, que alega ter posse do local. Hoje o espaço tem cerca de 900 pescadores e pescadoras que atracam tarrafas, barcos e jangadas, além de comerciarem diversos peixes de água doce e típicos do mangue.
A Etasa colocou contêineres com banheiros químicos para funcionários da empresa impedirem a passagem dos trabalhadores e das trabalhadoras que vivem ali. Os pescadores se sentem ameaçados, “saímos de casa tendo a certeza que vamos trabalhar, mas não temos a certeza que iremos voltar”, lamenta Maria Daguia Nascimento Barbosa, pescadora que trabalha na área desde 1993, segundo relatos a empreiteira intimida os pescadores com “jagunços armados” e drones.
O presidente da associação, Lot Bernardino de Sena, clama por um posicionamento, “estamos aqui há mais de 40 anos, e a nossa luta é essa, estamos esperando a decisão do procurador geral da república que possa nos tirar desse sufoco que estamos passando”. O jornal A Verdade tentou contato com a construtora, mas não teve nenhum retorno. José Amaro, pescador e membro da associação, comentou sobre a conturbada relação com a especulação imobiliária, “Teve uma reunião na prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, o qual os invasores, a empreiteira, chegou (sic) a mostrar os projetos mas não mostrou a documentação, documentação essa que não vão conseguir mostrar nunca, porque essa terra pertence a União”.
Empreiteira quer destruir meio ambiente para construir parque aquático
Além de querer expulsar os pescadores e pescadoras, a construtora tem como proposta construir um parque aquático, parque esse que não terá nenhuma serventia para os trabalhadores e a população jaboatonense, tendo em vista que esse projeto é pensado para os ricos que moram nos arranha-céus e não para aqueles que há mais de 50 anos trabalham na localidade. Além disso, destruirão uma área de preservação cometendo assim um grande crime ambiental.
O plano dos pescadores em conjunto com a associação é a criação de um parque ecológico chamado “Parque Natural Municipal Restinga das Mangabeiras” que proporcionará a proteção da vegetação de restinga remanescente e a preservação das mangabeiras, espécie rara em Pernambuco, com risco de extinção no estado, garantindo assim a proteção do ambiente e trazendo grandes benefícios para o município.
Veja abaixo o depoimento dos pescadores sobre a invasão da empreiteira:
Juntos somos mais fortes,nós vamos vencer# fora Bolsonaro