Beatriz Behling e Ícaro Santos
DIADEMA – Apesar de tentar se diferenciar do governo Bolsonaro, a política dos ricos tem se sobressaído nos governos estaduais e na maioria das prefeituras, priorizando a economia e não a vida ao abrirem mão da quarentena no ápice da contaminação de COVID-19. Como é o caso de Diadema, município do ABC Paulista.
Mesmo com a cidade tendo apenas 58 leitos hospitalares e 20 unidades de tratamento intensivo (UTI) e chegando na marca de quase 3.500 infectados e 232 mortos, a prefeitura preferiu investir em um caminhão, sarcasticamente apelidado de “Tempestade”, adaptado para atirar jatos d’água, para dispersão de aglomerações, contratando e treinando 80 novos membros da guarda civil municipal só para atuar nos bailes funk nas operações do programa apelidado de Casa em Ordem, contando com o maior número de guardas da história da cidade.
O prefeito alega que o caminhão serve para preservar a integridade dos guardas municipais e para diminuir os gastos da prefeitura, preocupação que esse mesmo prefeito não teve ao processar a prefeitura que dirige em R$70 mil sendo que já ganha R$21 mil por mês e tem o patrimônio declarado de quase R$3 milhões.
Lauro Michels mostrou pra quem serve a política da cidade quando propôs um decreto de flexibilização da quarentena no início da pandemia e teve de ser impedido pela justiça, em março deste ano, mas ainda assim pouco depois conseguiu promover a retomada legal das atividades econômicas. Legal porque nas periferias não houve políticas de intervenção que garantisse a quarentena, fazendo com que boa parte dos comércios continuassem abertos, praças e feiras cheias e aglomerações em filas de lotéricas e bancos fossem recorrentes.
Em Diadema moram muitas pessoas em pouco espaço, chegando a ter a segunda maior densidade demográfica do país, tornando ainda mais difícil não fazer aglomerações. A despreocupação do poder público com a pandemia fez com que, hoje, sejamos o terceiro município com mais infectados do ABC Paulista e ainda assim não garante nem a saúde dos próprios profissionais da saúde fazendo com que eles trabalhem por meses sem ter acesso ao teste. Essas condições já ocasionaram a morte de 3 profissionais da saúde na cidade e geram pânico em seus colegas de trabalho.
O prefeito milionário mostrou que não se importa com a saúde do povo, com as aglomerações, nem com “manter a casa em ordem” apenas com encher o bolso das ricas empreiteiras que ocupam nossa cidade, com os donos dos shoppings e outros grandes ricos. A política do prefeito é para reprimir a juventude da periferia e não para evitar aglomerações, porque ao invés de se preocupar em dar condições pras pessoas manterem a quarentena, prefere investir em violência.
Esse é mais um dos governantes dos ricos, mais um da política burguesa e essa é a única maneira que esses se propõem a lidar com as necessidades públicas. O compromisso dos políticos da burguesia nunca é com o bem do povo. A única solução para esse modelo vem do povo organizado, dos nossos pelos nossos, de uma unidade popular.