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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Unidade Popular: “Vamos construir mandatos populares e de luta”

PRÉ-CANDIDATURAS DO PODER POPULAR – Josivan, Vitória e Jardel são pré-candidatos pelo novo partido Unidade Popular Pelo Socialismo. (Foto: Jornal A Verdade)
Redação Paraíba

PARAÍBA – O Jornal A Verdade incia agora uma rodada de entrevistas com pré-candidatos da Unidade Popular (UP) nas Eleições 2020. Para esta edição, conversamos com três pré-candidatos a Câmaras Municipais na Paraíba: Vitória Ohara, 20 anos, estudante e militante do Movimento de Mulheres Olga Benario; Jardel Wandson, 35 anos, operador de telemarketing e dirigente sindical da categoria; e Jozivan Antero, 46 anos, radialista e condutor de socorrista do Samu.

A Unidade Popular conquistou seu registro no TSE em dezembro de 2019. Como o partido encara o atual regime político no Brasil e como pretende atuar no processo eleitoral municipal?

Jardel Wandson: É importante lembrar que a Unidade Popular foi formada num momento em que até setores da esquerda diziam ser impossível formar um novo partido, pois a população não queria saber de partidos políticos. E nós provamos o contrário. A população quer se organizar e quer uma alternativa a esta sociedade. E nós a todo o momento afirmávamos que se tratava de um partido de esquerda, socialista. Precisamos romper com a lógica construída a partir da burguesia e das elites tradicionais de que a política não presta e que é um mar de lama, fazendo com que as pessoas se desinteressem pela política e, assim, possam se perpetuar com suas famílias no poder.

Isso determina qual o papel que a Unidade Popular vai ter nestas eleições: denunciar este sistema político, chamar a população não apenas para votar, mas especialmente para se organizar num partido de luta, de ação, de formação. Estas eleições podem preparar o terreno para um novo momento da esquerda brasileira para enfrentar a política fascista, atrasada, deste governo que aí está, claramente incapaz de dirigir nosso país.

Vitória Ohara: Nesta nova etapa, em que a Unidade Popular já conquistou seu registro no TSE, temos novos desafios à frente. As eleições municipais, por exemplo, são um grande palco onde a burguesia e os que se aliam a ela usam para uma verdadeira encenação, com as práticas mais sujas, como compra de votos e propagação de mentiras. Ao final, quando vencem, usam o poder para continuar roubando os recursos públicos e aprovando leis contra o povo trabalhador e em favor dos grandes empresários e dos banqueiros.

A política eleitoral no capitalismo não contempla a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres pretas e pobres e a comunidade LGBT. Basta ver de perto nas Prefeituras e Câmaras Municipais, onde a quantidade de mulheres é mínima. Pouquíssimas mulheres se elegem e, em vários casos, quando são eleitas, não representam a classe trabalhadora.

Já nós, enquanto parte desta classe trabalhadora cansada de não ter representação, decidimos encarar de frente este processo, lançando as pré-candidaturas de homens e mulheres que vivem diretamente as desigualdades sociais, de gênero e raciais.

Jozivan Antero: A UP tem uma responsabilidade muito grande tendo em vista o cenário nacional de ataques aos direitos dos trabalhadores, falta de garantias em relação aos direitos do povo e à soberania nacional, especialmente com o Governo Bolsonaro.

Nosso principal objetivo é organizar o povo, fazer com que o povo participe da política, pois a Unidade Popular surgiu para se apresentar como alternativa, representar os movimentos sociais e a luta pelo socialismo. Defenderemos também um programa popular e revolucionário, denunciando os fascistas que querem dar um golpe no Brasil e que circulam nas cidades propagando os ideais dos ricos que mantêm o capitalismo vigente, organizando trabalhadores e trabalhadoras para alcançarmos saídas concretas para os problemas do povo

Falem um pouco sobre as principais bandeiras que serão defendidas pelas candidaturas em cada município.

Vitória Ohara: Cada pré-candidatura em João Pessoa representará eixos de luta que constituem a Unidade Popular, como a luta da juventude, das mulheres, das periferias e dos trabalhadores, isso tudo em articulação com nossa pré-candidatura a prefeito da Capital. Estamos na defesa do acesso dos jovens à educação e à cultura. Para isso, defendemos o transporte coletivo estatal e gratuito para acabar com o monopólio das grandes empresas que há décadas lucram com o dinheiro da classe trabalhadora e dos estudantes.

Também estamos construindo uma pré-candidatura com foco nas periferias, em defesa da reforma urbana, contra o Programa “João Pessoa Sustentável”, que, na verdade, é um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento que vai gerar uma enorme dívida pública para ser paga pela população pelos próximos 42 anos, além de provocar remoções forçadas de comunidades ribeirinhas. Propomos ainda a economia solidária, com geração de emprego e renda para as comunidades a partir de suas próprias potencialidades e com base na autogestão coletiva.

Por fim, estamos em defesa da vida de trabalhadores e trabalhadoras que têm arriscado suas vidas no combate à pandemia, como os profissionais da saúde e da limpeza urbana.

Jardel Wandson: Em Campina Grande, nossas pré-candidaturas representam dois campos importantes de atuação da UP: os trabalhadores organizados no movimento sindical e o movimento de mulheres, uma vez que a política institucional ainda representa um espaço machista e atrasado em relação à participação feminina.

Uma pré-candidatura do movimento sindical tem, por si só, a obrigação de defender os interesses da classe trabalhadora por melhores condições de trabalho, por melhores postos de trabalho, mas também os trabalhadores moram, em geral, nos bairros mais pobres. Então faremos esta ponte com as periferias.

Já nossa pré-candidatura do movimento feminista vai combater a violência contra a mulher e colocar abertamente que as mulheres querem ocupar também os espaços de poder, sempre relacionando estas formas de opressão com a exploração geral que o sistema capitalista submete toda a classe trabalhadora.

Jozivan Antero: A Unidade Popular em Patos tem como foco para estas eleições a organização de uma chapa de pré-candidatos à Câmara Municipal capaz de fiscalizar as ações da Prefeitura, pois a cidade está com o sexto prefeito em cinco anos, alguns afastados por medidas judicias, e não vemos nenhum vereador agir no sentido de dar continuidade às diversas denúncias de corrupção dos gestores. Queremos, pelo contrário, construir mandatos com ampla participação popular nas mais diversas áreas, como educação, assistência a pessoas com deficiência e com altismo, saúde, luta comunitária, juventude, etc.

Entendemos que estas eleições podem ser um marco para derrotar as velhas oligarquias locais que se revezam há décadas no poder.

Nas últimas eleições municipais, em 2016, tive a oportunidade de representar o PCR, com filiação democrática ao PSOL, e conquistamos o quarto lugar entre os candidatos mais votados a vereador, mas a chapa não alcançou o quociente eleitoral. Agora, com nosso próprio partido, estamos com várias pré-candidaturas em construção e certos de que faremos o máximo esforço para levar nossa mensagem a toda a cidade.

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