Guilherme Rogato
RIO DE JANEIRO (RJ) – Mesmo com as dificuldades surgidas com a pandemia, como o isolamento social, o Jornal A Verdade foi impresso e distribuído por todo o país. Neste período, as brigadas nos trens e praças deram lugar ao porta a porta nos bairros, à abordagem individual nas filas da Caixa Econômica, nos pontos de ônibus, feiras de rua e ao trabalho em conjunto com a rede de solidariedade do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Toda uma logística de distribuição foi montada para garantir que todos os militantes, colaboradores, leitores e assinantes do jornal continuassem recebendo A Verdade em casa.
Para entender os desafios e as novas formas de trabalho com o jornal, entrevistamos Gabriela Gonçalves, uma das responsáveis pelo trabalho de distribuição e venda no Rio de Janeiro.
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Os meios de comunicação populares sempre enfrentaram enormes dificuldades para se manter. Com a pandemia, isso cresceu ainda mais. Como e por que o jornal A Verdade manteve sua impressão e distribuição neste período? A decisão de manter a impressão, distribuição e venda do jornal se deve ao nosso compromisso de levar a verdade para as pessoas, para a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres, o povo pobre. Esse compromisso e necessidade se reafirmaram durante a pandemia, quando vimos claramente que os governos não estão preocupados com a saúde da população. Sabíamos que iríamos ter várias limitações por conta da mobilidade das pessoas, da segurança e da saúde, mas era preciso colocar nossa rede de colaboradores em movimento. Muita gente não tem acesso à internet, por isso o jornal físico precisa chegar a essas pessoas. Nesse esforço, foi muito importante o apoio do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que abraçou o desafio e levou o jornal aos bairros pobres, ocupações e periferias junto com sua rede de solidariedade.
A gente também organizou equipes de companheiros que ofereceram seus carros para entregar o jornal aos militantes e leitores frequentes, priorizando essa entrega em domicílio para quem é do grupo de risco e não podia sair de casa de forma alguma devido à quarentena e ao isolamento social.
Como os brigadistas estão mantendo o trabalho do jornal sem se expor ao vírus? A gente trabalhou muito o jornal junto com as redes de solidariedade do MLB, que somente no Rio de Janeiro distribuíram mais de mil cestas básicas para famílias sem-teto em várias cidades do Estado. Isso permitiu que o jornal chegasse a quem mais precisa, os trabalhadores e as famílias pobres que sofrem com o descaso e a indiferença do governo genocida de Bolsonaro.
Também fomos semanalmente para as filas que se formaram nas agências da Caixa Econômica falar com as pessoas que estavam buscando resolver a liberação do auxílio emergencial e garantimos a distribuição do jornal nas bancas que ainda estão abertas. Todo esse trabalho foi realizado pelos nossos brigadistas e levando em conta as medidas de prevenção necessárias, como o uso de máscara, protetor facial, álcool em gel e o distanciamento social. É importante dizer que a observância dessas medidas de proteção fez com que praticamente nenhum companheiro ou companheira que está realizando essa tarefa tenha se contaminado por Covid-19.
Agora, em alguns locais estamos começando a realizar brigadas em espaços mais abertos, como praças e feiras livres, porque é urgente ampliar a denúncia dos crimes que os governos da burguesia estão cometendo contra o povo. Como temos dito nas páginas do nosso jornal, a incompetência de Bolsonaro é uma tragédia para o Brasil. No lugar de apoiar o povo pobre, os trabalhadores e pequenos comerciantes, o governo prioriza os bancos e grandes empresas.
Essa é uma denúncia que precisa aumentar, não? Com certeza! A informação verdadeira e comprometida com os interesses dos trabalhadores precisa ser divulgada de forma cada vez mais ampla. E todos os meios disponíveis devem ser utilizados: o jornal impresso, o panfleto, o site de A Verdade e suas redes sociais. Tudo isso junto é nossa arma contra as mentiras da burguesia e do fascismo, é hoje a arma dos trabalhadores e da juventude.