Por Luiza Wolff e Matheus Menezes
União da Juventude Rebelião
FLORIANÓPOLIS – Na noite desta quarta-feira (11/11), mais uma vez as balas da Polícia Militar de Santa Catarina encontrou o corpo de uma criança inocente. Desta vez, o de Naninho, de 12 anos, como era conhecido na comunidade da Costeira do Pirajubaé, em Florianópolis. Segundo os relatos de parentes e amigos, o menino foi morto com dois disparos, um deles na cabeça. Naninho é o terceiro filho que Dona Ivanilda que morre pelas mãos da PMSC.
Dona Cícera Ivanilda Gregório, de 43 anos é moradora da Costeira, é mãe de quatro filhas e quatro filhos, hoje, dos oito restam cinco. Em entrevista ao Jornal a Verdade, ela relata o assassinato de outros dois filhos, mortos também nas mãos da PM. Segundo Dona Ivanilda, desde esses últimos assassinatos, que ela e seus filhos e filhas são perseguidos pela cidade e ameaçados pelos policiais.
Em seu depoimento, nos conta de ameaças anteriores ao filho caçula, feitas dois meses atrás: “Eles ia pra minha casa todo dia, e um deles ainda ergueu a balaclava e falou pro Naninho: ‘Olha bem no meu olho, que nós vamos fazer contigo o que fizemos com os teus dois irmãos, e eles fizeram’”. A mãe defende a inocência do filho que, segundo ela, não tinha nenhuma ligação com o tráfico de drogas, “Só porque era irmão de quem era, ele morreu, porque a Polícia é covarde!”
Ontem, quinta-feira, familiares, amigos, moradores, revoltados, realizaram um ato de protesto contra a morte de Naninho. Após a concentração em frente ao mercado Bistek, seguiram pelo bairro cantando palavras de ordem em memória e homenagem ao menino até a pista de skates na rua principal, onde bloquearam a via. Uma viatura da Força Tática da PM “acompanhava” o ato fortemente armada. Depois de pouco mais de uma hora, mais policiais chegaram, armados com balas de borracha e bombas. Pela segurança dos moradores, e das muitas crianças presentes, gritando palavras de ordem pelo bairro, encerraram o ato.
Para Dona Ivanilda, o ato foi muito importante, “A gente tem que se unir e brigar pelos direitos da gente! Porque é mais fácil a Polícia matar o filho de um pobre, é mais fácil eles forjar uma criança, e dizer que a criança era um traficante e matar, é mais fácil pra eles do que chegar e corrigir!”
Este caso não é o primeiro este ano na “Ilha da Magia”, em Outubro foi Marcos de quinze anos de idade do Morro do Quilombo. Em Setembro, foram irmãos no morro do Mocotó, Marlon de quinze e Leonardo de dezoito anos, que foram assassinados no mesmo dia com tiros na nuca e nas pernas. Em todas essas ocorrências familiares, e até o SAMU, foram impedidos de prestar socorro aos jovens, ainda com vida.
A Política de segurança pública de Santa Catarina, e Florianópolis, rege hoje um genocídio de pretos e pobres. Enquanto na capital, os milionários de bairros luxuosos gozam de uma vida pacata, tranquila e de segurança particular, nas comunidades, mães choram a morte de seus filhos, que hoje dificilmente chegam aos 13 anos. Enquanto a Justiça do Estado deixa o estuprador André Aranha impune, usa a segurança paga pelo povo para matar jovens com tiro na nuca. Investe em balas para a Polícia Militar enquanto fecha escolas, como é o caso da própria Costeira do Pirajubaé.
Enquanto a Governadora Interina, Daniela Reihner, que tem dificuldades em repudiar o nazismo público de seu pai dorme tranquila, enquanto os comandantes da PMSC descansam sem problemas após mais um assassinato, debaixo de chuva os moradores da Costeira pediam Justiça por Nanhinho, e porguntam: “Quantas mães tem que sofrer, pra essa guerra acabar?”
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NA TARDE DE ONTEM O JORNAL A VERDADE TAMBÉM FEZ DOIS VÍDEOS DO MOMENTO EM QUE A PM REPRIMIA MAIS UM PROTESTO DOS MORADORES QUE PEDIA JUSTIÇA POR NANINHO, CONFIRA: