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quinta-feira, 28 de março de 2024

Em defesa do Complexo Esportivo do Ibirapuera

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Por: Erick Padovan

Carta dos Centros Acadêmicos de Educação Física do Estado de São Paulo em defesa do Complexo Esportivo do Ibirapuera

A situação do esporte e lazer da população brasileira é ruim há muito tempo, dificilmente é possível dizer que um dia ela esteve de maneira ideal, por vezes, essas áreas foram esquecidas, em outras foram lembradas de maneira excludente privilegiando apenas o esporte desempenho – como nos megaeventos esportivos (Copa 2014 e Olimpíadas 2016), e a situação atual hoje do esporte brasileiro é de total falta de investimentos e políticas públicas.

A falta de investimentos se correlaciona diretamente à realidade sistêmica que está posta, o neoliberalismo que se acirra dia após dia dentro do sistema capitalista, este que prega a retirada de responsabilidade do Estado sobre os direitos dos indivíduos. A ideia de privatização do Complexo Esportivo do Ibirapuera não é isolada, ela tem explicações: primeiramente se desvaloriza o patrimônio e serviço públicos, sucateando-os, retiram-se as políticas públicas e os investimentos, e os espaços ficam ociosos; então o Estado, nesse caso o Governo do Estado de São Paulo na gestão de João Dória (PSDB), anuncia a tragédia provocada por ele mesmo; e como solução para a realidade desse espaço esportivo histórico para o país é apresentada a privatização e a possível construção de um complexo de compras (shopping) em seu lugar. Essa é a clássica estratégia de privatizações, que quando concretizada substituiu o caráter público pelo privado, e o objetivo de servir a população pelo objetivo de vendas e lucro.

Vale lembrar que o projeto de destruição do Complexo existe há um bom tempo, mas que se concretizou nessa gestão, especialmente após um aparelhamento de João Dória no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), substituindo a maioria de técnicos e técnicas da área, e representantes das Universidades Estaduais, por membros de secretarias e autarquias do próprio governo estadual, favorecendo decisões a favor do governo, como ocorreu, já que o Conselho votou em sua maioria pelo não tombamento histórico do Complexo, liberando o processo de privatização.

O Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, ou Complexo Esportivo do Ibirapuera, é um complexo esportivo de relevância nacional e internacional tendo em vista a envergadura de eventos que recebe e os projetos e serviços que atende. Conta com dois Ginásios, um com capacidade para 11 mil espectadores e outro com capacidade para 3 mil espectadores; um Conjunto Aquático com seis piscinas e um tanque de saltos, com capacidade para 5.600 mil espectadores; um Estádio com campo oficial e pista de atletismo oficial, com capacidade para 13.400 mil espectadores; e ainda com o Palácio do Judô, com capacidade para 500 espectadores. O Complexo tem um histórico marcante para todo o esporte brasileiro, com eventos que atraíram milhares de pessoas, como finais mundiais de vôlei, partidas comemorativas internacionais de basquete, grandes campeonatos nos esportes aquáticos, inserção de modalidades ainda não tão reconhecidas pelo grande público como o rugby e o futebol americano; além do Complexo abrigar sedes de federações estaduais de diversos esportes, abrigar categorias de base de diversas modalidades e muitos projetos sociais que geram inclusão e participação social de crianças e adolescentes de forma gratuita.

Nesse sentido os Centros Acadêmicos, entidades representativas dos estudantes de Educação Física das faculdades abaixo assinados, se posicionam contrários ao projeto de privatização do Complexo Esportivo do Ibirapuera, contrários ao apagamento do esporte no Estado de São Paulo e na capital paulista, e contrários à simbólica e real construção de um espaço de lazer consumista e elitista num espaço que atualmente deveria ser destinado a todas e todos praticantes de esportes de maneira popular. Os Centros Acadêmicos se posicionam a favor do aumento substancial das políticas públicas para o esporte e lazer no estado, pela utilização dos espaços existentes, pela construção de novos espaços e pela garantia do cumprimento da lei, garantindo o direito ao esporte e ao lazer.

Pela retirada do projeto de pauta, pela revogação do projeto de lei da concessão, pelo Esporte Popular!

 Centros Acadêmicos que assinam a nota:

-Centro Acadêmico de Educação Física e Esporte USP

-Centro Acadêmico Primeiro de Setembro FAEFI PUC Campinas

– Centro Acadêmico Gregório Bezerra (CAGB) Educação Física UNIFESP

– Diretório Acadêmico de Educação Física e Saúde EACH USP

-Diretório Acadêmico Carmen Lucia Garcia – UNISA

-Centro Acadêmico Sócrates Brasileiro – USP RP

– Centro Acadêmico da Educação Física da UNICAMP

-Centro Acadêmico de Educação Física da UFSCar

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