Ocupação Nova Guaporé 2: mais uma vez, a esperança de ter uma casa

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Uma casa nunca é só uma construção para se abrigar do mau tempo. Uma casa é também o lugar onde sorrisos e afetos são partilhados entre os que ali estão. É o local em que as crianças crescem, onde se recebem os amigos, para onde voltamos depois de um dia cansativo. É onde nos permitimos sonhar e pensar no futuro. Ter uma casa, enfim, é essencial para vivermos com dignidade.

É esse viver com dignidade que cerca de 100 famílias buscam em uma das mais recentes ocupações urbanas em Curitiba. A Ocupação Nova Guaporé 2 começou a ser construída há praticamente dois meses pelos moradores de uma ocupação na região industrial da capital, afastada do centro, que foi despejada. Nesta ocupação que existiu viviam mais de 300 famílias, que, de um dia para o outro, receberam a ordem de despejo e viram suas casas e esperanças destruídas.

Na conversa com os moradores que ocupavam a região industrial, eles contam que a solidariedade e a união entre eles, somadas à repercussão da ordem de despejo entre a população curitibana, foram muito importantes para evitar a violência policial. E, mesmo assim, o Estado burguês demonstrou a sua insensibilidade com o povo trabalhador que luta pelo seu direito à moradia digna: deu apenas uma hora para os moradores pegarem seus pertences e saírem. Em meio às lágrimas, uma moradora da ocupação nos contou que as tão sonhadas casas próprias, construídas com muita luta, suor e dedicação por três meses, foram destruídas em poucos minutos.

Assim, de uma ocupação para outra, aproximadamente 200 famílias ficaram sem um lar e completamente desassistidas pela Prefeitura de Curitiba. Dona Gesselda conta que a fila para a Cohab e os outros programas sociais nunca chegam a se realizar, e, se chegam, atendem a pouquíssimas pessoas, sendo insuficiente para sanar o déficit habitacional da cidade.

O caso de Dona Gesselda é exemplar da realidade de muitos trabalhadores: começou a trabalhar ainda criança no interior do Paraná, ajudando seu pai na roça. Sua infância e sua juventude foram dedicadas a essa atividade e, após anos de trabalho exaustivo, começou a manifestar dores no corpo que a impediram de continuar trabalhando. Embora não consiga trabalhar, Dona Gesselda não conseguiu se aposentar por invalidez e, por não conseguir contatar os antigos patrões, até hoje não conseguiu meios para confirmar os anos de serviço, prestados sem registro na carteira de trabalho.

A Ocupação Nova Guaporé poderia ser a alternativa para dezenas de famílias curitibanas que estão hoje sem teto, executando a função social do terreno que há anos está em dívida com a Prefeitura. Esta, em vez de garantir o direito de moradia que os trabalhadores possuem e dar assistência, preferiu cercar o terreno, alegando que iria construir um bosque. Mas ninguém sabe se realmente algum dia ali será construído um bosque ou se foi apenas um meio para não deixar a ocupação crescer.

Além disso, o prefeito Rafael Greca (DEM) colocou um segurança que fica dia e noite observando os moradores da ocupação para que fiquem onde estão e não construam mais casas além do que as cercas permitem. Ou seja, prefere que o povo trabalhador fique na rua, desassistido, do que a realização do sonho da casa própria.

O jornal A Verdade, por ser um jornal de luta pelo socialismo e comprometido com os trabalhadores, estará ao lado das famílias da Ocupação Nova Guaporé e de todos aqueles que lutam pelo direito à moradia digna. Que a Ocupação Nova Guaporé seja um símbolo de esperança e resistência, por um amanhã em que todos tenham uma casa!

Carolyne Melo e Vinícius Ramos, de Curitiba