Por Edson Victor
BRASÍLIA – Historicamente nenhum direito foi dado ou cedido de forma autônoma pela classe dominante ou por luta de pessoas isoladas, para a classe trabalhadora ou para juventude. Efetivamente, desde a Lei Áurea que aboliu a escravidão do Brasil até o Auxilio Emergencial do Governo Federal, durante o período de pandemia do COVID-19, todos os direitos foram resultado de organização popular.
Até mesmo os grandes militantes da história da classe trabalhadora que dirigiram o processo de revolta popular durante o período da Ditadura Militar fizeram parte de organizações. Por exemplo, Carlos Marighela, um dos principais nomes que lutaram contra a Ditadura Militar, fazia parte da Ação Libertadora Nacional (ALN), e Selma Bandeira, outra liderança da resistência popular também militava dentro de uma organização, o Partido Comunista Revolucionário (PCR).
Apesar desses exemplos é comum alguns jovens ou até mesmo pessoas um pouco mais maduras podem fazer comentários como “sou muito jovem e não tenho tanto conhecimento sobre causas sociais” ou “já estou ‘velho’ meu tempo já passou para poder fazer algo”, tanto a primeira quanto a segunda afirmação são equivocadas, e são pensamentos que a ideologia dominante, ideologia liberal, estimula o povo a ter.
Porém, ninguém precisa ter lido tudo que todos e todas revolucionárias já escreveram como também não existe idade máxima para ingressar e começar a construir algum coletivo. O coletivo é um dos meios de sua formação política. Não se aprende a falar em público, a mediar conflitos, a fazer crítica e autocrítica apenas lendo textos ou livros, mas sim na prática. Porém, como já disse o camarada Lênin no livro O que fazer? “Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário”. Isso mostra a necessidade de uma teoria ao qual se possa basear leituras de conjuntura e atuação de um coletivo.
Outros ainda podem fazer comentários como “não estou com tempo de organizar politicamente” ou “vou esperar eu me estabilizar para poder me organizar politicamente”. Também são pensamentos estimulados pela ideologia liberal em prol da desorganização da juventude e da classe trabalhadora.
Deve-se ter a compreensão clara que o sistema capitalista nunca dará para a juventude e para a classe trabalhadora, sequer direito ao lazer quanto menos ainda direito de entender como esse sistema mata, e assim se organizar para transformar essa realidade. Por isso, infelizmente, não existe a chance de esperar condições melhores para ser militante, pois condições que permitem se organizar sem ter que se abdicar de algo nunca existirá, sempre haverá a necessidade de se lidar com as condições materiais existentes no momento.
Esses são apenas alguns dos pensamentos propagados pela ideologia burguesa-liberal para que a juventude e a classe trabalhadora não se engajem em lutas sociais. Efetivamente, são pensamentos muito bem enraizados e propagados de maneira a ficar difícil identificá-los como não-naturais, mas sim, como mecanismos de dominação de classe.
Deve-se entender que cada qual pode contribuir de acordo com suas condições materiais, mas sempre ficar atento às maneiras de dominação usadas sobre os trabalhadores e a juventude para que não se organizem. Por isso, é importante destacar que esses esclarecimentos não são para acusar todos e todas que não compõem nenhum partido, movimento social ou coletivo, de liberal ou traidor de classe. Mas, sim, evidenciar que muitos dos pensamentos que existem para não se organizar em coletivos na luta contra esse sistema que explora e mata, são pensamentos condicionados e estimulados pela ideologia liberal, pois sabem que o povo organizado tem o poder de transformar nossa sociedade e isso é terror daqueles que exploram e matam.