LARISSA MAYUMI | Militante do Movimento de Mulheres Olga Benario
SÃO PAULO – Até o início do século XXI a origem do Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março, era dedicada às 129 operárias de uma fábrica em Nova York, que na luta por melhores condições de trabalho, exigindo a diminuição da jornada de trabalho para 10 horas diárias e o direito à licença maternidade, morreram em um incêndio provocado por forças policiais em 1857.
Estudiosas sobre o tema passaram a questionar essa versão, pois não encontravam registros de incêndios no ano de 1857. Porém, encontram-se registros e estudos sobre o incêndio na fábrica de roupas, “Triangle Shirtwaist Company”, localizada em Nova York, no qual 146 trabalhadores, sendo 125 mulheres, perderam suas vidas em 25 de março de 1911 [1].
Com o avanço dos estudos sobre o tema foram encontrados documentos mostrando que na 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizado em Copenhague em 1910, Clara Zetkin propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, sem definir uma data. De acordo com registros de Alexandra Kollontai, uma das lideranças comunistas da Revolução Russa, o que determinou de fato o dia 8 de março foram as mulheres russas, que desencadearam o fim do regime de monarquia na Rússia e o início do socialismo [2]. De acordo com Kollontai:
“Em 1917, no dia 8 de março (23 de fevereiro no antigo calendário russo), no Dia das Mulheres Trabalhadoras, elas saíram corajosamente às ruas de Petrogrado. As mulheres – algumas eram trabalhadoras, algumas eram esposas de soldados – reivindicavam ‘pão para nossos filhos’ e ‘Retorno de nossos maridos das trincheiras’. Nesse momento decisivo, o protesto das mulheres trabalhadoras era tão ameaçador que mesmo as forças de segurança czaristas não ousaram tomar as medidas usuais contra as rebeldes e observaram atônitas o mar turbulento de ira do povo. O Dia das Mulheres Trabalhadoras de 1917 tornou-se memorável na história. Nesse dia as mulheres russas ergueram a tocha da revolução proletária e incendiaram todo o mundo. A revolução de fevereiro se iniciou a partir deste dia” [3]
Desta forma, ainda que a morte das operárias no incêndio na fábrica estadunidense tenha ocorrido e que tenha que ser lembrado na história da luta das mulheres, o 8 de março tem sua origem comunista e revolucionária, pois a partir da luta das trabalhadoras russas, desencadeou-se uma série de greves e manifestações que derrubaram todo o regime czarista na Rússia, para então ser implantado o socialismo.
Inspirando-nos na luta das mulheres russas, devemos ter em mente que temos a capacidade de dar os pontapés iniciais para a queda desse governo fascista e genocida, que nada faz para salvar nosso povo da pandemia, da miséria e da fome, devemos levantar bem alto a bandeira pelo Fora Bolsonaro!
[1] https://nucleopiratininga.org.
[2] Ana Isabel Álvarez – As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres.
[3] Maria Amélia de Almeida Teles – Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios.