Por João Maranhão – Militante da UJR – Pernambuco
Na sociedade atual, muito se tem feito por parte dos capitalistas e da pequena burguesia para fazer com que os trabalhadores se conformem com sua situação de explorado. A novidade das empresas nas últimas três décadas, é chamá-los de “colaborador”. Ora, e o que são os colaboradores? Mudou alguma coisa na relação de produção de riquezas? Os trabalhadores estão sendo beneficiados com essa mudança?
O esforço para essa mudança de nome vem de uma evolução de nomenclaturas dentro das organizações para se dirigir à classe proletária. Começa com o simples trabalhador, depois vira empregado, que se torna um funcionário até chegar ao posto de colaborador da empresa. O fato é que a mudança do nome não muda em nada a condição de exploração que toda a classe proletária vive nos países capitalistas, esse nome é justamente uma tática de fazê-lo sentir que pertence a organização, que a empresa é um bem que ele tem que cuidar porque faz parte dela, é uma tática que dá uma sensação de pertencimento do trabalhador à empresa.
Quando na verdade, o que acontece quando um trabalhador aumenta sua produtividade e disposição dentro de uma organização através deste sentimento de pertencimento, acaba enriquecendo muito mais o(s) capitalista(s) que detém aquele meio de produção, enquanto o trabalhador continua recebendo o mesmo salário pela venda da sua força de trabalho.
Com isso, a burguesia enriquece e o proletariado continua estagnado, na mesmice da sua insignificante existência aos olhos do capitalismo. Contudo, o que há de mais perigoso nessa simples e ridícula nomenclatura, é o fato dos trabalhadores, por se sentirem parte de algo que de modo algum fazem parte, se conformem com sua situação de trabalho praticamente escravo. É algo inclusive, incentivado pela social democracia atual, algo que incentiva aquela ideia absurda de conciliação de classes.
Não, um trabalhador não é colaborador de nenhum empreendimento capitalista. A classe proletária assume funções dentro de uma organização para sobreviver! Não por fazer parte de um projeto de enriquecimento de poucos. Devemos ter isso em mente. Pois assim como diz na música Um Homem na Estrada dos Racionais MC’s: “Se eles me acham baleado na calçada / Chutam a minha cara e cospem em mim”, e é essa a reação da burguesia para o proletariado.
Não há colaboração no capitalismo, apenas exploração. É impossível existir a colaboração no trabalho enquanto o objetivo final sempre é o lucro, e mesmo empresas sem fins lucrativos, empresas públicas ou pequenos empreendimentos, jamais poderão usufruir de uma colaboração verdadeira dentro do capitalismo, porque a prioridade sempre será outra, seja concorrência, faturamento, investimento ou crescimento, colaboração nunca é o foco. O foco do capitalismo é explorar e lucrar, jamais se enganem sobre isso, trabalhadores e trabalhadoras!
A verdade é que, a libertação da classe trabalhadora só pode acontecer com a socialização dos meios de produção, enquanto a exploração for a base do sistema, os trabalhadores permanecerão na sua condição de oprimidos e explorados. Somente quebrando o velho sistema e construindo um novo a partir disso, um sistema socialista, que vise a sociedade sem classes, é que poderemos sentir que pertencemos a algo, pois de fato tudo nos pertencerá! Tudo o que só a burguesia usufrui todos os nossos direitos que são tirados de nós todos os dias, tudo isso será nosso!
Por isso, é importante manter a cabeça erguida e a luta de pé, continuar exigindo o que é do povo por direito e jamais se iludir com essas tentativas ridículas do capitalismo de trazer ao proletariado um sentimento de conformismo. Logo, nada melhor que encerrar com a célebre frase final do Manifesto do Partido Comunista: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”
Fontes:
ANA, Fabio. A Diferença entre Funcionário e Colaborador. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/a-diferenca-entre-funcionario-e-colaborador. 2010.
JORGE, Nilson. Diferenças entre Empregado, Funcionário e Colaborador. Disponível em:https://www.xerpa.com.br/blog/diferencas-empregado-funcionario-colaborador/. 2018 .
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo. Martin Claret. 2016.