Escolas privadas do RJ priorizam lucro acima da vida

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RISCO. “Reabrir escolas é abrir covas”, protestam estudantes (Foto: AERJ)

A reabertura das escolas privadas no Rio de Janeiro demonstrou-se uma grave erro, que agravou a crise sanitária. Mesmo com o número de mortos no país passando dos 300 mil, e com mais de 3.000 mortes por dia, os tubarões da educação não querem abrir mão de seus lucros.

Por Igor Barradas | Redação Rio


EDUCAÇÃO – A situação dos estudantes das escolas privadas do Rio de Janeiro tem sido extremamente dramática durante a pandemia. Inúmeros alunos sofrem com a perda de familiares e amigos e com o constante medo de se contaminar pelo Covid-19. Mesmo assim, os grandes monopólios privados de educação seguem obrigando seus alunos a estudarem na modalidade presencial.

A reabertura das escolas no Rio de Janeiro demonstrou-se uma grave erro, que agravou a crise sanitária. De fato, estudantes passaram a se contaminar nas escolas e espalhar o vírus para toda a sociedade. Em inúmeras escolas não é cumprido o distanciamento de dois metros entre as pessoas, o uso de máscara e os protocolos sanitários necessários.

Lucrando na pandemia

Mesmo com o número de mortos no país passando dos 300 mil, e com mais de 3.000 mortes por dia, os tubarões da educação não querem abrir mão de seus lucros. A Kroton-Anhanguera, o maior monopólio educacional do mundo, é um exemplo disso: apesar da pandemia, a empresa teve lucro líquido de R$ 403,4 milhões em 2020. Para garantir todo esse dinheiro, a Kroton foi uma das primeiras a reabrir as escolas sob seu controle, a exemplo da rede de colégios pH, no Rio de Janeiro.

Já no Colégio São Vicente de Paulo, na Zona Sul, 17 casos suspeitos de Covid-19 entre estudantes e funcionários levaram a direção a suspender as aulas presenciais do ensino médio e ensino fundamental II.

“Tá um caos. Professores meus estão internados, os alunos não respeitam o distanciamento e não estão usando máscaras. A própria direção da escola não se importa com essa questão, não fazem nada”, disse um dos estudantes entrevistado por A Verdade.

Política de morte

Dezenas de estudos científicos atestam que a escola é um local propício para a expansão do vírus. Em julho do ano passado, a Fiocruz publicou um estudo mostrando que a retomada das atividades pode expor mais de 600 mil pessoas que fazem parte do grupo de risco somente no Estado do Rio de Janeiro. Esse ano, o prefeito Eduardo Paes (DEM) desconsiderou essa realidade e prometeu que “as escolas serão as primeiras a abrir e as últimas a fechar”.

O prefeito não sabe que grande parte dos alunos e professores possuem contato com outras pessoas no caminho para a escola? Não sabe que a maioria dos membros da comunidade escolar necessitam pegar transporte público lotado para se deslocar pela cidade? Cria-se desta forma uma cadeia mortal de transmissão do vírus, com toda a ajuda do Estado.

Estudantes resistem ao descaso dos governos

Em resposta, trabalhadores da educação e estudantes organizam-se contra esses ataques. A Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (AERJ) vem promovendo atos simbólicos em frente a diversas escolas que já voltaram às aulas para denunciar a negligência do governo com a saúde dos estudantes e funcionários. Com cartazes escritos “Em defesa da vida!”, “Abrir escolas é abrir covas!” e “Vacina para todos já!” os estudantes têm demonstrado sua oposição à retomada das aulas presenciais sem garantia de segurança para todos.

“O retorno às aulas presenciais em meio à nova crescente do coronavírus é extremamente perigoso para toda a sociedade e demonstra, mais uma vez, que a sede pelo lucro vem antes dos estudantes”, critica Ruan Vidal, presidente da AERJ.

A verdade é que os governos capitalistas que aprovam a retirada de direitos dos trabalhadores e dos estudantes jamais vão se preocupar com a vida de sua juventude.

Contra esse descaso, precisamos lutar para que nós, estudantes, sejamos ouvidos e façamos valer nossas decisões. Devemos ser levados em conta na hora de decidir sobre quando, como e de que forma vamos voltar às aulas, algo de fundamental importância que deveria ser discutido de forma coletiva, e não apenas pelo governo.