“Essa vitória demonstra a importância da organização sindical e que, com unidade da comunidade universitária e dos gestores comprometidos com a democracia universitária, é possível conter os retrocessos dos interventores bolsonaristas nas universidades federais.”
Clodoaldo Oliveira
Diretor do Sindicato Dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba
JOÃO PESSOA (PB) – O reitor-interventor da UFPB, Valdiney Gouveia, no dia 8 de fevereiro, publicou a Portaria 60/2021, que trata do retorno “seguro e gradual” dos servidores técnico-administrativos da instituição ao trabalho presencial. A portaria vai na contramão da política de distanciamento social da Universidade que, desde março de 2020, optou por manter seus servidores docentes e técnico-administrativos em trabalho remoto, além de suspender as aulas presenciais.
Tal decisão unilateral, autoritária e irresponsável foi tomada num dos piores momentos da pandemia no Brasil. O aumento crescente de casos da doença, com a consequente reabertura de leitos específicos para Covid-19 na rede hospitalar, congestiona todo o sistema de saúde (público e privado), fazendo o país ultrapassar as 260 mil mortes até o fechamento desta edição. Na Paraíba, a cada 33 minutos, uma pessoa é internada por Covid-19.
Mas esta mudança de postura da Reitoria da UFPB na política de distanciamento social não é à toa. A instituição está sendo administrada por um interventor, escolhido pelo presidente fascista Jair Bolsonaro, à revelia da vontade democrática de sua comunidade universitária. O reitor-interventor Valdiney Gouveia foi o último colocado na consulta à comunidade universitária, realizada em 26 de agosto de 2020, tendo obtido apenas 5% dos votos. Na elaboração da lista tríplice nos Conselhos Superiores, o interventor não obteve nenhum voto sequer. Assim, sem compromisso com a comunidade universitária que o rejeitou e alinhado com o discurso anticiência do presidente que o nomeou, o interventor está empenhado em dar sua contribuição local para a propagação do novo coronavírus.
O Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintespb), assim que soube do ataque do reitor, se articulou com diretores de vários Centros da UFPB e com o movimento docente para o interventor no Conselho Universitário. Por 25 votos a 7, o Consuni se posicionou pela suspensão da portaria, forçando a Administração Central a recuar e abrir um processo de diálogo e negociação.
Essa vitória demonstra a importância da organização sindical e que, com unidade da comunidade universitária e dos gestores comprometidos com a democracia universitária, é possível conter os retrocessos dos interventores bolsonaristas nas universidades federais.