O conflito só interessa aos grandes monopólios russos e estadunidenses, que disputam entre si recursos naturais, controle de fronteiras e de territórios econômicos. Os trabalhadores, ao contrário, são as principais vítimas da guerra, perdendo suas casas, empregos e vidas.
Wanderson Pinheiro
SÃO PAULO – A “guerra civil” na Ucrânia acontece desde que os neoliberais pró-ocidente derrubaram o governo do então presidente Viktor Yanukovych, aliado de Putin. O conflito, na verdade, é uma guerra indireta entre EUA e Rússia, que historicamente tinha a Ucrânia em sua área de influência.
A Rússia quer manter o status quo que conseguiu estabelecer na região de Donbass, onde mantém o controle de fato. Vem apoiando militarmente os separatistas com tropas não convencionais e armamentos pesados.
Já os Estados Unidos dão sustentação à Ucrânia, que não consegue estabelecer o controle da região e pede intervenção da Otan. Tropas se mantêm de plantão e mobilizadas. Grande quantidade de armamentos foi disponibilizado pelo imperialismo norte-americano à Ucrânia.
O plano inicial dos EUA era promover uma ofensiva relâmpago e expulsar os rebeldes pró-Putin do território ucraniano. Porém, a Rússia mobilizou todas suas forças para dar o recado a Biden de que daquele ponto não passarão.
Qualquer imparcialidade ou diplomacia é só de fachada. Estamos prestes a vivenciar um conflito de grandes proporções, com repercussões internacionais. Fica claro que essa “guerra civil” é expressão de uma disputa entre países imperialistas que brigam pelo controle de regiões importantes na geopolítica e na economia. O que está em jogo, entre outras coisas, é a exportação do gás natural da Rússia para a Europa, que passa por gasodutos que transitam por essa fronteira, além de inúmeras outras riquezas minerais da região.
As populações e nacionalidades são um peão nessa história. Os imperialistas estão no comando, vendem armamentos e disputam territórios econômicos. O povo entra como bucha de canhão.
Em telefonema recente ao presidente da Ucrânia, Biden afirmou que dará “o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania e integridade territorial da Ucrânia em face da contínua agressão da Rússia no Donbass e na Crimeia”. Dessa forma, a Ucrânia passou a ser um protetorado dos EUA, apoiando incondicionalmente as políticas neoliberais e militares do acidente.
Agora, como Joe Biden reagirá à mobilização das tropas russas? Se não fizer nada, demonstrará fraqueza e perda de hegemonia. Se intervier militarmente gerará um conflito direto com a Rússia, no qual o resultado é imprevisível. É importante lembrar que a Rússia tem aliança estratégica com a China e possui um enorme arsenal bélico de alta tecnologia. Portanto, não se tratará de uma guerra semelhante à que ocorreu no Afeganistão, no Iraque ou na Líbia, países possuidores de poucas tropas e armamentos de baixa tecnologia.
As contradições interimperialistas se aprofundam e é necessário dar um basta à causa fundamental de todas as guerras: o sistema capitalista. O conflito que observamos na Ucrânia só interessa aos grandes monopólios russos e estadunidenses, principalmente. Disputam, entre si, recursos naturais, controle de fronteiras e de territórios econômicos. Os trabalhadores, ao contrário, são as principais vítimas da guerra, perdendo suas casas, empregos e vidas.