O maestro e regente Geraldo Mennucci acaba de nos deixar para juntar-se, a quem tanto amou, num Coral Sinfônico Celestial, com Guerra Peixe, Capiba, Guedes Peixoto, Cussy de Almeida, Bach, Mozart e Beethoven.
O fundador, primeiro regente e diretor artístico da Banda Sinfônica do Recife, no final de 1958, por incumbência do prefeito Pelópidas Silveira, juntou-se às estrelas neste 19 de junho de 2021, com 92 anos de vida e de luta pela alegria dos homens aqui na terra.
O insigne regente, humanista, por isso mesmo, foi preso político pela ditadura militar, é cidadão do Brasil e do mundo. Foi o criador do mais famoso coral de Pernambuco, Coral Bach e também de outros corais, como o Coral Willys (depois Ford-Willys), composto por operários e operárias destas duas grandes fábricas do ABC Paulista de então, e o coral Madrigal Revivis, de Ribeirão Preto (SP), com apresentações de Concertos no Teatro Municipal de São Paulo, na Capela da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP), em 12 de novembro de 1977.
Com o Coral Bach aconteceu a sua consagrada temporada na Europa, em 1957, por ocasião de várias apresentações no 6º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em 1957, em Moscou, de onde seguiu colhendo tempestuosos aplausos em Leningrado, Kiev, Roma, Pisa, Veneza, Viena, Villach, Paris e Praga, estendendo-se até o início de 1958.
Em 1959, é designado regente-assistente da Orquestra Sinfônica do Recife, tendo regido outras importantes orquestras do centro-sul do Brasil, destacando-se a Filarmônica de São Paulo e a Orquestra de Câmara de São Paulo.
O maestro Mennucci foi também, na gestão do prefeito de Olinda, Germano Coelho (1977-1980 e 1993-1996), o idealizador e diretor geral da Fundação Centro de Criatividade Musical de Olinda, com o projeto profissionalizante “De pés descalços também se aprende música”, para jovens de baixa renda. Além de fundador, regente-titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Olinda e da Camerata de Olinda.
O mestre da educação do gosto musical do povo trabalhador deixa uma vasta obra, que vai do clássico ao popular, como o CD Mozart Camerata, em homenagem aos 200 anos da partida do prodigioso mestre de Viena, e o Hino do Camponês, do início dos anos 1960, em parceria com o líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião.
Entre as últimas apresentações públicas do virtuoso regente, estão uma no Engenho Galiléia (Vitória de Santo Antão-PE), berço das Ligas Camponesas no Brasil, em 2015, e outra no dia 5 de maio de 2016, no Teatro de Santa Isabel, no Concerto para Manoel Lisboa, pela Memória, Verdade e Justiça e pela Democracia, tendo regido o Coral do Centro Cultural Manoel Lisboa de Pernambuco, levando todo o teatro a cantar junto A Internacional.
Geraldo Mennucci vive!
Edival Nunes Cajá, coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça e pela Democracia de Pernambuco (CMVJD-PE)
Recife,19 de junho de 2021