Cuba e solidariedade internacional respondem à tentativa de intervenção

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Rafael Freire, da Redação


Malecón mostrou a força da Revolução

No dia 23 de junho, a Assembleia Geral da ONU condenou, pela 29ª vez, o bloqueio econômico que os EUA impõem contra Cuba há seis décadas. Foram 148 votos para que cesse imediatamente este crime, três abstenções (incluindo o Brasil) e a apenas dois votos discordantes (EUA e Israel). Na ocasião, Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba, já alertava: “O Governo dos Estados Unidos assumiu a Covid-19 como um aliado na sua guerra não convencional contra Cuba”.

Este é o ponto de partida para um entendimento preciso sobre o que se passa hoje em Cuba.

Segundo o ministro da Saúde Pública José Ángel Portal Miranda, em pronunciamento oficial nesta sexta-feira (16), nos últimos 15 dias, quase 75 mil pessoas foram contaminadas por Covid-19 em Cuba, o que representa uma taxa de cerca de 662 pessoas para cada 100 mil habitantes. Um nível alto para os padrões que o país vinha mantendo durante quase todo o período da pandemia. Até março, Cuba havia registrado menos de 20 mil pessoas infectadas e cerca de 400 mortes. Hoje o total de falecimentos em decorrência de complicações causadas pelo vírus Sars-CoV-2 é de 1.791. O país caribenho possui 11,4 milhões de habitantes.

Se fizermos, porém, uma rápida comparação com o Estado do Rio Grande do Sul, que possui praticamente a mesma quantidade de habitantes (11,3 milhões), temos hoje o total de 32.579 mortes. Ou seja, 18 vezes mais do que em Cuba.

Sobre a campanha de imunização, até 14 de julho, o país já havia vacinado com a primeira dose 28,8% da população; 23,8% com a segunda dose; e 18% com a terceira. Cabe ressaltar que os institutos de biotecnologia cubanos desenvolveram, a partir da experiência de cientistas cubanos, com equipes locais, recursos e tecnologia próprios, cinco candidatas a vacina. Entre estas, a Soberana 02 prevê três doses para completar o ciclo de imunização. E ontem (16), as autoridades de saúde cubanas anunciaram que a vacina Abdala atingiu mais de 92% de eficácia na última fase de testes.

O que se extrai disso tudo é que as recentes proclamações sobre a necessidade de “ajuda humanitária internacional” ou “corredor sanitário” para “solucionar o problema da pandemia em Cuba” não passam de pura hipocrisia e de mais uma tentativa de intervenção estrangeira no país socialista visando à derrubada de seu governo.

Tal projeto é o verdadeiro “sonho americano”, que, pelo espírito revolucionário arraigado no povo cubano, pelos triunfos da Revolução de 1959, pelo exemplo histórico de José Martí, Antonio Maceo, Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez, Vilma Espín e Raúl Castro, ficará apenas na condição de sonho mesmo.

Protestos em Cuba

No dia 11 de julho, registraram-se, em 12 diferentes pontos da ilha, manifestações contrárias ao Governo Cubano. As maiores contaram com cerca de 500 pessoas e, em todas, fizeram-se presentes bandeiras com a inscrição “Cuba Decide”.

No mesmo dia, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi à TV para convocar a população revolucionária cubana para ocupar as ruas e defender a Revolução dos ataques e mentiras da grande mídia internacional. O povo respondeu ao chamado e, desde então, tem se manifestado diariamente nas ruas de todo o país em atos incomparavelmente maiores que os atos convocados pelos setores reacionários. Desde as primeiras horas deste sábado (17), cerca de 100 mil cubanos estão mobilizados em ato público no Malecón, em Havana, com a presença do presidente Díaz-Canel e do líder revolucionário Raúl Castro.

Povo nas ruas dos bairros

Como denunciou o jornalista peruano Juan José del Castillo (El Jota) em seu canal no YouTube Prensa Alternativa, este slogan é de propriedade da cubana Rosa María Payá, residente em Miami, que coordena a ONG Fundação para a Democracia Pan-americana (FDP). Rosa, de 31 anos, transita com frequência entre autoridades diplomáticas e chefes de Estado de diversos países há pelo menos sete anos.

Jota apresentou no vídeo especial que preparou sobre o tema dos protestos em Cuba fotos de Rosa com Luiz Almagro, secretário-geral da OEA; com Jeanine Áñez, golpista boliviana que assumiu a Presidência da Bolívia; com o senador ultrarreacionário norte-americano Marco Rubio (dois dias antes dos atos do domingo 11); e com ninguém menos do que o ex-presidente Donald Trump.

Assim, não é demais afirmar que, por trás dos protestos em Cuba, está, mais uma vez, a mão da CIA, do Departamento de Estado dos EUA, dos monopólios internacionais e do que há de mais podre entre as elites latino-americanas, subservientes aos ianques.

Atos de solidariedade no Brasil

Além de dezenas de notas de partidos políticos, movimentos sociais e do Movimento Brasileiro de Solidariedade com Cuba, aqui no Brasil foram realizados atos de resistência e denúncia contra o bloqueio econômico e contra a tentativa de intervenção estrangeira.

Já no dia 12, segunda-feira, houve um ato em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo. Novo ato está agendado para este domingo (18).

Ato em Brasília

No dia 15, os atos aconteceram em Brasília e em Recife, na porta da Embaixada e do Consulado norte-americano, respectivamente. Em Brasília, o ato foi organizado pelo Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima, pela UP, FNL, PCB e Movimento Bem Viver, UJR e UJC. Contou com palavras de ordem e falas repudiando o imperialismo. Ao final, foi queimada uma bandeira dos EUA.

Em Recife, os manifestantes de mais de uma dezena de entidades que compõem o Fórum de Entidades e Partidos Políticos Solidários com Cuba, como o Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML), MST, UP, PCB, PCR, União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE), Levante Popular da Juventude, UJR e UJC, queimaram uma bandeira dos EUA e discursaram repudiando a ingerência contra Cuba.

“O que se trata neste momento histórico é de aproveitar a pandemia para atacar os povos do mundo, especialmente aqueles que se opõem de alguma forma aos interesses do EUA. Assim foram os acontecimentos na Venezuela, na Bolívia, por exemplo. Também os ianques estão metidos no recente assassinato do presidente do Haiti. E agora mais uma tentativa de intervenção em Cuba, dentre as centenas de outras tentativas rechaçadas pela força da Revolução. O imperialismo norte-americano está perdendo terreno na América Latina e Caribe e sua tendência é de agredir os povos em luta”, avalia Edival Cajá, do Centro Cultural Manoel Lisboa.

Ato em Recife

Novamente em Brasília, no dia 16, as mesmas organizações brasileiras convocaram um ato para a Embaixada de Cuba com o objetivo de repudiar os manifestantes golpistas, ligados ao imperialismo, que se preparavam para se manifestar no mesmo local. Pedro Batista, do Comitê Abreu e Lima, afirmou que o ato era “em apoio à Revolução Cubana, ao povo cubano e ao Governo Cubano, que sofrem os ataques criminosos do Estado terrorista norte-americana”.  Já Caio Sad, da UP, destacou que o ato “repudiava os crimes dos EUA, que atuam criminosamente contra a ilha por medo do povo organizado”. O representante do PCB, João Alvim, lembrou que “Cuba foi o único país na América Latina que produziu vacinas próprias, mesmo assim, não consegue vacinar mais sua população porque os EUA não deixam chegar seringas e agulhas à ilha”.

Na tarde deste sábado (17), ainda ocorreu um ato de solidariedade em Fortaleza, Ceará.

Ato em Fortaleza