Bolsonaro compra máscaras impróprias pelo dobro preço

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Foto: reprodução

Carla Castro*

A cada semana que passa o plano de Bolsonaro e seus ministros da morte fica mais evidente. Com isso, até a mídia burguesa está se rendendo e conta as mutretas que envolvem o mau uso do nosso dinheiro. Em matéria publicada nesta segunda-feira (30) a Folha de São Paulo apresenta documentos que comprovam que o governo pagou R$ 8,65 por unidade de máscaras consideradas impróprias para uso, ao mesmo tempo que as máscaras recomendadas, do tipo PFF2, foram adquiridas por R$ 3,59. A diferença nos preços é de 141%.

Chama a atenção que a compra direta de 500 mil unidades de máscaras PFF2 da 3M foi omitida dos ofícios enviados pelo Ministério da Saúde ao Ministério Público Federal para que não fosse percebido o superfaturamento do item do tipo KN95. Essa foi a manobra que o governo Bolsonaro fez para não ser percebido o pagamento do dobro do valor pago pela máscara eficiente e adequada. As duas compras foram realizadas no início da pandemia com dispensa de licitação e os dados só foram fornecidos após insistência do órgão regulador. 

Agora, o MPF cobra, através de seus procuradores, que o coronel Élcio Franco, então secretário-executivo do ministério, e Roberto Ferreira Dias, então diretor do departamento de logística em Saúde, entreguem a relação de contratos que foram fechados para a aquisição de máscaras neste período. Dias é quem assina a compra superfaturada e, logo depois do vazamento do pedido de propina de US$ 1 por vacinas inexistentes, foi demitido do ministério. Já Franco foi abrigado em um cargo na Casa Civil da Presidência. Os dois são investigados pela CPI da Covid no Senado.

As ligações entre as pessoas envolvidas não param. Verificando os dados de origem das máscaras chinesas adquiridas da Global Base Development HK Limited chegamos ao nome de Freddy Rabbat, empresário do mercado de relógios de luxo. Uma empresa chinesa com sede em Hong Kong teve sua representação junto ao ministério feita pela 356 Distribuidora, Importadora e Exportadora, cujo proprietário é Rabbat. Somente com o Ministério da Saúde, Rabbat assinou contrato de venda de 40 milhões de KN95 e 200 milhões de máscaras cirúrgicas. O total é de R$ 691,7 milhões, sendo que metade do montante é para pagar máscaras impróprias, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esses itens que foram pagos indevidamente ficaram parados em galpões nos estados e foram usados fora de ambientes hospitalares.

Uma possibilidade que vem sendo investigada na CPI da Covid é que o caminho que o governo Bolsonaro tomou com as vacinas é o mesmo das máscaras. O órgão que deveria buscar as medidas mais eficientes e rápidas para imunizar os brasileiros colocou empecilhos para comprar os imunizantes da Pfizer e do Instituto Butantan, abriu portas para generais negociarem com intermediários para garantir a propina. 

Enquanto isso, chegamos à marca de 60% de brasileiros vacinados parcialmente e apenas 28,3% da população está imunizada totalmente. Poderíamos estar com a totalidade dos homens, mulheres, jovens e crianças vacinadas se Bolsonaro não se preocupasse em encher mais os seus bolsos com o nosso dinheiro. O povo está a mercê do projeto de genocídio de pobres e de pretos que se amontoam no transporte público para se dirigir ao trabalho, tirando os quase 15 milhões de desempregados que precisam buscar seu sustento e expor seus corpos e de seus familiares ao vírus que já matou mais de 579 mil pessoas..

É urgente que Bolsonaro e toda a sua corja de ministros coronéis sejam derrubados. Pelas nossas vidas e pelo nosso país que está afundado em estatísticas que destacam cada vez mais a desigualdade social acentuada com seu desgoverno.

*Jornalista e coordenadora estadual do MLB/RS