Laura Passarella
SÃO PAULO – Não é novidade alguma o desmonte da educação no país. O governo de militares tem aprofundado o plano de precarização do ensino público brasileiro e cortou quase R$5 bilhões do MEC este ano. Com isso, o repasse do PNAES – Plano Nacional de Assistência Estudantil – para a Universidade Federal do ABC teve uma redução de dois milhões de reais.
O recurso proveniente do PNAES é responsável pelo pagamento das bolsas socioeconômicas dos estudantes de baixa renda. Essas bolsas têm o papel fundamental de garantir que os jovens pobres possam estudar, se dedicar à pesquisa e aos projetos de extensão, os três pilares bases das universidades públicas. Sem essa assistência, esses estudantes não podem ter esse direito garantido, ficando restrito apenas àqueles das classes mais ricas, que conseguem se manter na universidade sem auxílio de políticas de permanência. Ou seja, é impossível pensar em uma universidade pública, de qualidade, para todos e democrática sem a existência do PNAES.
Esse ataque às políticas de permanência reforçam a defesa desse governo de que o ensino superior é para as elites: “A universidade é para poucos”, como disse o Pastor Milton Ribeiro, Ministro da Educação.
Além do corte criminoso realizado em 2021, o governo ainda segurou e atrasou a liberação da verba para a UFABC. Com isso, não houve tempo hábil para a gestão empenhar a verba das bolsas, desta forma, grande parte dos estudantes de baixa renda ficaram sem bolsa neste mês de setembro.
Apesar dos valores muito abaixo do necessário para se viver – R$400,00 de bolsa permanência, R$300,00 de auxílio moradia e R$150,00 de auxílio creche – essa verba significa a maior parte da renda desses estudantes que se encontram desamparados esse mês.
Como esses estudantes vão pagar seu aluguel? O gás de cozinha? E a alimentação? Com certeza para a família Bolsonaro e seus militares esses não são preocupações que passam pela cabeça. Com a corrupção, os supersalários e a exploração do povo eles garantem a compra de mansões e churrascos com carne de R$1800,00/kg, enquanto os estudantes e suas famílias são despejadas, ficam sem ter o que comer e se endividam. Essa é a pátria de Bolsonaro.
Os estudantes da UFABC continuam travando a luta em defesa da universidade e da assistência e reivindicam que sejam pagos retroativamente para que os impactos da súbita suspensão do pagamento das bolsas sejam minimizados.