Rafael Freire, da Redação
Após seis meses de funcionamento, chegou ao fim a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, que investigou denúncias sobre a condução do Estado brasileiro e outros agentes na pandemia da Covid-19. A conclusão: Bolsonaro é criminoso!
Neste mesmo período, o Brasil viu aumentar em 50% o número de mortos, passando de quase 400 mil para mais de 600 mil, episódio que se converte num dos maiores genocídios da nossa História, juntamente aos genocídios contra os povos indígenas e negros, praticados desde 1500 até hoje, sem qualquer punição ou reparação.
O relatório final da CPI, apesar de não ser, formalmente, uma denúncia criminal, representou mais uma forte denúncia política contra o presidente, fundamentada em diversos depoimentos, fatos, provas e indícios. No total, cerca de 80 pessoas foram denunciadas.
Uma investigação preliminar foi aberta no âmbito da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os crimes imputados pelos senadores a 12 pessoas que possuem foro por prerrogativa de função (o famoso foro privilegiado) e que, portanto, só podem ser julgados pelos tribunais superiores do país.
Além do presidente, outros nomes relevantes são os ministros Marcelo Queiroga (Saúde); Onyx Lorenzoni (Trabalho); Braga Netto (Defesa); o senador Flávio Bolsonaro (Patriota) e os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL) e Ricardo Barros (PP). Personagens como Carlos Bolsonaro (vereador no Rio de Janeiro) e Eduardo Pazuello (ex-ministro da Saúde) não possuem foro privilegiado e podem ser julgados em varas judiciais de 1ª instância.
Pazuello, por sinal, está sendo escondido pela máfia que hoje governa o Brasil porque é o resumo mais sórdido de tudo que vimos: a aliança das Forças Armadas com os setores fascistas da sociedade civil, patrocinada pelos monopólios capitalistas em busca de mais lucros, independentemente dos cadáveres que se amontoavam pelo território nacional que tanto dizem defender.
O general da ativa Eduardo Pazuello foi ministro da Saúde por exatos dez meses, entre maio de 2020 e março de 2021, e se notabilizou pela frase “um manda e o outro obedece”, referindo-se a sua relação com Bolsonaro. O general, agora, é acusado dos seguintes crimes: epidemia com resultado de morte; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; comunicação falsa de crime; crimes contra a humanidade nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos.
Foi na gestão do militar no Ministério da Saúde que ocorreram uma série de negociatas para a compra das vacinas; que o Brasil assistiu diariamente à matança em Manaus devido à falta de logística para fazer chegar à capital do Amazonas o oxigênio necessário para atender a todos os pacientes internados; que os dados oficiais sobre a pandemia no país passaram a ser sonegados à imprensa e à população, justamente quando o país atingiu o pico de óbitos.
Desde 1º de junho, Pazuello ocupa o cargo de secretário de Estudos Estratégicos, órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, pelo que recebe R$ 47 mil por mês sem trabalhar. Mesma mamata dos outros quase sete mil militares que dilapidam os cofres nacionais em cargos do Governo Federal.
Bolsonaro, Prevent Senior e o neonazismo na prática
Xingar Bolsonaro de imbecil, ridículo, cretino, etc., ajuda a extravasar nossa revolta, mas não o define totalmente. Seu passado como tenente expulso do Exército; sua trajetória como parlamentar inexpressivo, populista e anticomunista; sua defesa entusiasmada dos crimes de tortura e execução no período da ditadura militar; seu comportamento de psicopata; sua conduta na Presidência da República na pandemia que ainda nos assola; tudo isso nos permite classificá-lo como fascista, nazista e genocida.
Além de ter promovido tratamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid; de ter negociado a compra de vacinas; de ter atrasado de propósito o Plano Nacional de Imunização; Bolsonaro e seus papagaios (como o empresário Luciano Hang) agiram sob a lógica nazista dos experimentos com seres humanos no caso do plano de saúde Prevent Senior.
Testaram, manipularam, brincaram com a vida de centenas de pacientes idosos que pagaram caro para servirem de cobaia para médicos inescrupulosos e para os proprietários da empresa, cujos negócios e lucros aumentavam à medida que aumentavam as mortes por Covid no país e nas dependências de suas unidades hospitalares. Lá os pacientes eram “abandonados à própria morte” se chegassem a 21 dias de internação nas UTIs.
Fora do esquema de assassinatos em série da Prevent – mas dentro da mesma prática nazista –, houve ainda o caso do médico Flávio Adsuara Cadegiani, acusado de organizar um estudo ilegal com o remédio proxalutamida, que teria causado a morte de pelo menos 200 pessoas em Manaus.
Assim, o presidente da República, em vez de lutar com todas as suas forças para preservar a vida do povo brasileiro e ajudar no combate à pandemia no mundo, o que fez foi planejar e comandar o genocídio de mais de 600 mil pessoas em nossa nação.
Além dos cinco crimes já citados pelos quais deve responder também seu obediente ex-ministro Eduardo Pazuello, Jair Bolsonaro é acusado pelo relatório da CPI por mais quatro crimes: falsificação de documentos particulares; incitação ao crime; charlatanismo; crime contra a humanidade e crime de responsabilidade. Somadas, as punições previstas pelo Código Penal brasileiro poderiam chegar a quase 40 anos. Sobre as duas últimas acusações, Bolsonaro pode ser levado ao Tribunal Penal Internacional, com sede na Holanda, e pode sofrer um impeachment e perder os direitos políticos.
Para resumir em poucas palavras: os crimes de Bolsonaro, seus filhos, seus aliados e dos generais do Exército estão evidentes, mas isso não é garantia de punição.
A própria CPI da Covid foi fruto da pressão popular, do descontentamento crescente do povo pobre e trabalhador contra este governo da morte, da fome e do desemprego. E assim seguirão os acontecimentos.
A punição a esses criminosos não está nas mãos da Justiça burguesa. Depende unicamente da organização e da força das ruas, das periferias, da classe trabalhadora, da juventude. Só assim poderemos derrubar o genocida Bolsonaro e enterrar na cova da História os fascistas e nazistas do presente.