“Quem inventou a fome são os que comem”, disse a escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, em Quarto de Despejo, 1960. Com essa frase, resumiu a condição de absoluta miséria que o capitalismo no Brasil proporciona hoje à grande maioria da população, com 125, 6 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar e 19 milhões em situação de fome.
Alexandre Borges
BRASIL – Hoje, 6 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar e 19 milhões em situação de fome. Enquanto isso, do lado oposto a concentração de riqueza é tão grande que em plena pandemia o número de bilionários aumentou, saindo de 45 em 2020 para 65 em 2021. Juntos, eles detêm 219,1 bilhões de dólares.
Quem olha esses números inevitavelmente se pergunta como é possível 65 pessoas terem mais dinheiro do que poderiam gastar em uma ou duas vidas e ainda assim grande parte da população que trabalha e gera riqueza viver tão mal. Ocorre que apesar do nosso país ser o maior produtor de soja, gado e da grande maioria dos alimentos, a imensa maioria dessa produção é voltada para a exportação a preços baixos. O Brasil alimenta a parte mais rica do mundo enquanto sua própria população passa fome.
Para continuar enriquecendo uma minúscula quantidade de parasitas que nunca trabalharam, tudo é permitido. Aumentou a corrupção, 600 mil pessoas foram mortas pela pandemia do Covid-19 e péssimas condições de trabalho e a fome cada vez estão cada vez mais presentes nas casas.
O governo Bolsonaro agravou as contradições já existentes no Brasil e piorou muito a nossa vida, colocou as universidades como inimigas num dos momentos em que mais foram relevantes, tenta repetidamente dar um golpe de Estado e estabelecer uma ditadura e intervir ainda mais fortemente nas liberdades democráticas tão limitadas. Faz isso porque governa para os 65 bilionários e não para os milhões de brasileiros que estudam e trabalham, para os pequenos e médios produtores e muito menos para os que hoje têm a fome como uma realidade diária.
Povo na rua derrota a fome e o fascismo
Se ao analisar a realidade o nosso sangue ferver e tivermos o sentimento de despender todas as nossas forças para a luta, desejando a vitória do nosso povo, então estamos vivos e temos muito a contribuir para a nossa classe. Mas, se por outro lado, andarmos pelas ruas e nos conformarmos com a miséria, a violência, o genocídio e assistirmos indiferentes a exploração, defendendo um falso pacifismo do povo e a espera milagrosa das eleições, então já estaremos mortos, ainda que gritando palavras de ordem vazias.
Nosso Partido é feito de homens e mulheres extremamente vivos, camaradas de todas as regiões do país que sentem profundamente as dores de viver em um sistema de exploração, e que todos os dias superam suas dificuldades individuais na força coletiva, na esperança concreta que um mundo novo é possível.
Por tudo isso, já passou da hora de derrubarmos esse governo, é preciso ir às ruas contra a fome, a miséria e o desemprego, mas também em defesa do poder popular e do socialismo. Nos inspiramos nas palavras do Comandante Che Guevara: Lutam melhor os que têm belos sonhos!