O povo chileno derrotou o candidato fascista José Antonio Kast neste domingo (19), elegendo o candidato progressista Gabriel Boric para presidente.
Felipe Annunziata e Igor Barradas | Redação Rio
INTERNACIONAL – Neste domingo (19), aconteceu o 2º turno das eleições presidenciais chilenas. Em participação recorde, o povo chileno derrotou o candidato fascista José Antonio Kast e elegeu o candidato progressista Gabriel Boric para presidente.
Kast, filho de um alemão exilado que foi militante do Partido Nazista, defendia o retrocesso do Chile às políticas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1991). O ditador Pinochet foi responsável pela morte de milhares de chilenos e a prisão e tortura de dezenas de milhares de pessoas.
O candidato de extrema-direita também defendia a herança neoliberal imposta pela ditadura pinochetista. No Chile não existe educação e saúde pública, e os aposentados dependem de fundos privados de pensão para sobreviver. Hoje, o país é um dos mais desiguais no mundo e onde a miséria vem mais se alastrando.
Candidato progressista venceu defendendo o fim das políticas neoliberais
Gabriel Boric, ex-líder estudantil de 35 anos, foi eleito com um discurso progressista de defesa dos serviços públicos, dos povos originários e de setores oprimidos da sociedade chilena. No entanto, para poder ser aceito entre as elites chilenas vem fazendo cada vez acenos a pautas conservadoras.
Entre elas está sua recusa em prestar solidariedade aos ataques imperialistas à Venezuela e a Cuba, dando indícios que nada irá mudar na política externa chilena. Boric também vem defendendo o processo constituinte pelo qual o Chile passa nesse momento para acabar com o entulho herdado da ditadura de Pinochet.
Derrota do fascista foi garantida com mobilização popular
A derrota de José Antonio Kast só foi possível por conta do grande aumento de participação da população chilena no pleito. No Chile o voto não é obrigatório e no 1º turno apenas 7,1 milhões de pessoas votaram, ao passo que no 2º turno a participação total foi de 8,4 milhões.
A mobilização foi tão intensa que apenas na região metropolitana de Santiago, capital do país, a votação em Gabriel Boric superou a quantidade total obtida por ele em todo o Chile no 1º turno. Para tentar barrar o movimento popular de votar contra Kast, empresários de ônibus, com a omissão do governo neoliberal de Sebastián Piñera, diminuíram a circulação de transporte público em Santiago.
Mesmo com essas dificuldades, a eleição transcorreu com tranquilidade. A votação expressiva de Boric, com cerca de 1 milhão de votos à frente de Kast, forçou o próprio candidato fascista a reconhecer a derrota.
Lutas populares no Chile devem seguir
A situação no Chile ainda continua incerta. Com a derrota eleitoral do fascismo no país, continua ainda a luta para derrubar o entulho constitucional de Augusto Pinochet. A criação de um sistema público de saúde, de aposentadorias e uma melhoria geral dos salários e do emprego estão na ordem do dia.
O jornal Adelante, órgão central do Partido Comunista Revolucionário (Chileno) afirma que “A única maneira de combater o fascismo é a mobilização combativa dos trabalhadores e sua organização em sindicatos de classe com projeto político próprio, independente da burocracia sindical e dos partidos burgueses.”
Nesse cenário, o que está posto é a continuidade das manifestações e mobilizações populares. Isso tudo no meio de um cenário de uma possível conciliação entre o governo de Gabriel Boric e setores da social-democracia com a direita chilena