Redação RS
A Reitoria da Universidade de Passo Fundo (UPF) através do Setor de Atenção ao Estudantil – SAES coordena o Programa Residência Compartilhada. Este programa surgiu como alternativa à falta de uma casa de estudante na universidade que pudesse abrigar os estudantes que não moram em Passo Fundo/RS, já que a UPF é um polo universitário na região norte do estado, com estudantes que residem em diversas cidades da região.
O Programa foi conquistado graças à luta dos estudantes na universidade que conseguiram pressionar a reitoria, junto com a antiga gestão (2019-2021) do Diretório Central dos Estudantes da UPF, dirigida pelo Movimento Correnteza. O programa funciona com uma parceria entre a Fundação Universidade de Passo Fundo – FUPF e a Fundação Beneficente Lucas Araújo – FBLA, onde os estudantes trabalham 8 horas semanais não remuneradas para não pagar aluguel dos apartamentos disponibilizados pela Fundação Lucas Araújo. O Programa hoje conta, segundo o SAES, cerca de 11 vagas.
Acontece que o SAES lançou um novo edital no mês de novembro para o programa e obrigou os estudantes que já participam e que foram selecionados se candidatarem novamente, ou seja, quem já passou e já morava na residência poderia ficar sem casa no fim do semestre, natal e ano novo. Isso se concretizou essa semana quando alguns estudantes – que preferiram não se identificar com medo de retaliação da universidade – do programa foram notificados por e-mail para deixar o apartamento que residem em até 30 dias, alegando de forma burocrática que os estudantes não se encaixam no edital excludente elaborado unilateralmente sem consulta aos estudante da universidade.
O Movimento Correnteza acompanhou os estudantes na sede do SAES para que os estudantes tentassem realizar uma reunião com setor, já que este se negava a recebê-los, porém depois de muito tempo os estudantes foram recebidos e não obtiveram nenhuma alternativa para resolver o seu problema de moradia e a UPF irá colocar estes estudantes na rua neste fim de ano.
Um dos estudantes que não quis ser identificado relata: “Depois de 3 anos lutando para conseguir entrar no PROUNI, no curso que era o meu sonho, de me mudar de cidade que fica a mais de 200 km da minha família, de mudar toda minha vida vou ser obrigado a desistir do curso e voltar para minha cidade, porque a universidade não nos dá alternativa nenhuma, em nenhum momento fomos procurados para saber como estávamos, estou desempregado procurando trabalho desde que cheguei na cidade e trabalhar em turnos diferente na Fundação (Fundação Lucas Araújo) já me prejudicava a conseguir trabalho. Quero que a universidade dê alguma alternativa para eu não desistir do meu sonho…”
A conjuntura para os estudantes na Universidade de Passo Fundo é de que a reitoria irá aumentar as mensalidades em quase 10% ano que vem. Hoje os estudantes sofrem com a falta de política e assistência estudantil, como Bandejão, Moradia Estudantil, etc. Um dos poucos programas que presta este serviço, que é o Programa Residência Compartilhada, que garantiu que estudantes pobres de fora de Passo Fundo/RS pudessem ingressar e permanecer na universidade está sendo destruído. Durante o ano de 2021 a militância do movimento correnteza recebeu relatos de outros estudantes que saíram do programa também por não conseguir emprego, por que eram obrigados a cumprir as 8 horas de trabalho de forma inflexível na Fundação Lucas Araújo. Além disso, são várias as denúncias de assédio moral por parte da coordenação do projeto.
O jornal A Verdade seguirá acompanhando a situação dos estudantes que estão sendo despejados e cobramos que a universidade dê alternativa para os estudantes não serem despejados em plena pandemia.