Com o tema “A vida acima dos lucros”, congresso debateu a luta pelo Fora Bolsonaro e a organização de uma greve nacional por reajuste salarial, realização de concursos públicos para professores efetivos, mais verbas para a educação pública e contra os cortes de bolsas de pesquisas nas ciências, tecnologias e humanidades.
Da Redação
TRABALHADOR UNIDO – Entre os dias 27 de março e 1º de abril, Porto Alegre sediou o 40º congresso do ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). Foram seis dias de muitos debates, formulações e plenárias, que aprovaram um plano de lutas e ação da categoria para o próximo período. 642 professores de todo o Brasil estiveram presentes, representando 89 seções sindicais da base do ANDES. O Movimento Luta de Classes (MLC) esteve presente com uma combativa delegação.
Esta foi a primeira grande atividade presencial de caráter nacional realizada pelo sindicato desde o início da pandemia de covid-19. Para que pudesse acontecer, foi preparado um protocolo que garantiu o acesso aos ambientes do congresso apenas aos vacinados contra a covid, uso de máscaras PFF2/N-95 e o distanciamento social seguro.
Infelizmente, graças à ação criminosa do governo fascista de Jair Bolsonaro e seus generais, que boicotaram as ações de enfrentamento à pandemia no Brasil, muitos professores (as) não puderam comparecer ao seu congresso, pois foram vitimados pelo vírus e pela incompetência desse governo.
O tema central do congresso foi “A vida acima dos lucros”. Desde as assembleias de preparação nos estados, a tônica do Fora Bolsonaro foi expressa por unanimidade. Na mesa de abertura, estiveram presentes entidades nacionais e internacionais e movimentos que lutam por uma educação pública, gratuita e de qualidade, como o Sinasefe, Fórum Sindical e Popular de Lutas por Direitos, Frente Nacional contra a Privatização da Saúde, a Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico, lideranças indígenas, além da Central dos Trabalhadores de Cuba.
Plano de lutas
Durante todo o debate de conjuntura, a categoria reafirmou seu compromisso em derrotar Bolsonaro, dando continuidade às lutas nacionais que estão acontecendo desde 2019.
Entre as principais lutas aprovadas pelo congresso para os setores docentes, estão a continuidade da campanha pelo Fora Bolsonaro, a organização de assembleias para preparar a greve por reajuste salarial, retorno presencial seguro e realização de concursos públicos para professores efetivos, mais verbas para a educação pública e contra os cortes de bolsas de pesquisas nas ciências, tecnologias e humanidades.
Todas essas lutas devem acontecer sempre pautando a necessidade do ensino, pesquisa e extensão e ressaltando a produção do conhecimento científico para o enfrentamento aos graves problemas sociais que o Brasil possui, como a fome, miséria, desemprego e violência.
Por uma universidade popular
Os docentes estiveram na linha de frente nas principais ações para salvar vidas na pandemia, em pesquisas para produção de vacinas, insumos hospitalares, ações de saúde comunitária, discutindo e propondo ações para minimizar o sofrimento do nosso povo, como as Campanhas de Solidariedade – onde o ANDES teve um papel de destaque, apoiando os movimentos sociais na doação de alimentos e itens de higiene. Quando a maioria dos governos optou por deixar a população sofrer e morrer nas filas dos hospitais, sem emprego e renda, foi a solidariedade da classe trabalhadora, inspirada na palavra de ordem “Só o povo salva o povo!”, que falou mais alto.
Por isso, entendendo o papel central que as universidades têm no Brasil e o quanto podem ajudar ainda mais o nosso país a ser uma nação justa e soberana, o congresso aprovou um conjunto de propostas contra a privatização e mercantilização da Educação, expresso em projetos como o Reuni Digital e o Futura-se.
Os professores (as) também expressaram todo o seu repúdio às ameaças golpistas de Bolsonaro e seus generais contra as liberdades democráticas. Essa política de intimidação e perseguição hoje vem sendo adotada através da imposição de “ditadores” (interventores) nas universidades, que, não sendo eleitos pelos votos da comunidade acadêmica, mas por uma “canetada” de Bolsonaro, passam a ocupar o cargo de reitores. Hoje, 28 universidades e institutos federais estão sob intervenção.
Na plenária final, os delegados (as) aprovaram moções que exigiam a prisão dos mandantes e assassinos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, apoio às lutas dos estudantes indígenas e contra o assédio praticado pelo Interventor da UFC. Por fim, decidiu-se que o próximo congresso do ANDES será em Rio Branco (AC), em 2023, e a eleição para a nova diretoria da entidade em maio do mesmo ano.
O congresso encerrou-se no dia 1º de abril com a realização de uma combativa passeata pelas ruas do centro de Porto Alegre, denunciando os 58 anos do golpe militar e em defesa dos serviços públicos, terminando em frente ao histórico Palácio Piratini, sede do governo estadual.
Sem dúvida, os professores (as) das universidades saem mais fortalecidos e convictos do papel histórico que têm a cumprir: derrotar o fascismo no Brasil e avançar na construção de uma universidade popular e um país soberano.