Ícaro Vergne
Salvador (BA)
JUVENTUDE – Para transformar o movimento estudantil na UFBA, tornando-o mais combativo em tempos de ameaça fascista, a Chapa 2 Oposição – Reconstrução e Luta, composta pelo Movimento Correnteza, Movimento por uma Universidade Popular (MUP) e Juntos, foi homologada e vai disputar as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFBA.
Após inscrever mais de 150 nomes de estudantes que acreditaram em nossas ideias, os estudantes da UFBA terão a oportunidade de escolher entre a mudança para algo melhor ou a permanência do imobilismo das últimas gestões. São 30 anos em que o DCE da UFBA, universidade que possui mais estudantes em toda a região nordeste do país, está sendo dirigida pelas mesmas forças políticas que se limitam a aparecer em momentos de campanha eleitoral e nada fazem pelos estudantes.
No último período, a UFBA esteve ameaçada de fechar as portas devido aos cortes na educação. As bolsas de indígenas e quilombolas foram cortadas, a residência estudantil esteve sob ameaça de fechar, deixando os estudantes sem moradia. Com cortes na assistência estudantil e pela ausência de uma política de assistência que garantisse condições para sobreviver durante a pandemia, muitos de nossos colegas passaram fome ou precisaram abandonar os estudos para se dedicar ao trabalho.
No retorno às aulas presenciais, nenhum restaurante universitário da UFBA estava em funcionamento. Apenas em maio, o R.U de Ondina voltou a funcionar, porém o de São Lázaro segue fechado, desassistindo os estudantes deste Campus, que precisam utilizar o Buzufba para ir ao campus Ondina e por isso, saem mais cedo de suas aulas. O mesmo ocorre em relação ao R.U do Canela, que está há 2 anos com obras paralisadas e é preciso defender seu retorno e conclusão imediata, para que possa atender aos estudantes do campus.
Nesse sentido, é preciso realizar uma auditoria das obras incompletas da UFBA, que são muitas, além de lutar pela abertura das que já estão prontas. Um exemplo disso é o prédio do IHAC, maior instituto da UFBA, que comporta cerca de 6 mil estudantes e ainda precisa utilizar outros pavilhões para suas aulas. O prédio está construído há anos e se fosse aberto, teria condições de ampliar sua oferta de aulas. Dessa forma, resolveria o problema de demanda deste curso, em que os estudantes não conseguem se matricular em algumas matérias devido à falta de vagas. Por isso, lutar pela abertura imediata do IHAC e demais prédios que estão prontos deve ser uma pauta do DCE da UFBA.
O Buzufba também apresenta um péssimo serviço. Devido a insuficiência de frotas para atender a demanda de estudantes, os ônibus estão sempre lotados. Além disso, o serviço é limitado e não atende a muitas regiões da cidade, o que poderia ser resolvido com uma ampliação de rotas e frotas. Durante boa parte do atual semestre, os ônibus, que normalmente possuem cinco rotas, estavam limitados a apenas duas e funcionando até as 18 horas, desassistindo aos estudantes do noturno.
Os cursos noturnos são onde as contradições ficam mais explícitas, já que são estudantes que muitas vezes trabalham pelo dia e estudam à noite. Sofrendo um esvaziamento proposital após o retorno às aulas presenciais, o abandono da universidade ao turno da noite tem sido cada vez maior. Com recorrentes assaltos, o campus possui uma péssima iluminação e somada a demissão em massa de funcionários da segurança durante a pandemia, a situação ficou ainda mais caótica. As mulheres sofrem com os assédios e os assaltos na universidade são diários. Por isso, a luta por aumento da segurança e iluminação na UFBA devem figurar em nossas pautas.
A falta de um transporte público de qualidade também é um grande problema para os estudantes que, por vezes, aguardam horas para retornar às suas casas. Sobretudo à noite, bairros anunciam toques de recolher por conta da violência policial e guerra de facções. A ausência de um transporte público eficiente é um problema que põe nossas vidas em risco. Por isso, o DCE precisa atuar no sentido de pressionar a prefeitura, garantindo melhor mobilidade aos estudantes, principalmente à noite.
Vamos defender a luta pelo passe livre estudantil, pauta tão abandonada pelo DCE da UFBA nos últimos anos. É um absurdo que o preço da passagem de ônibus em Salvador tenha passado de, R$ 3,80 em 2019 para R$ 4,40 em 2021 e nesse ano, o prefeito bolsonarista Bruno Reis já anunciou aumento para R$ 4,90, válido a partir de junho. Os estudantes são afetados diretamente por isso, pois é comum não ir às aulas por falta de dinheiro para a passagem e devem estar na linha de frente das lutas contra o aumento da passagem e pelo passe livre estudantil.
Apesar de ser a maior universidade federal do nordeste, a UFBA foi a terceira do país a sofrer com mais cortes. Os estudantes estão sofrendo com o sucateamento da educação pública e as ameaças de privatização. Ainda assim, o DCE não se movimentou para articular os estudantes em torno de suas lutas. O DCE da UFBA vacilou em não mobilizar para os atos da Povo na Rua Fora Bolsonaro, principalmente no dia 29 de maio, assim como os atos em defesa da educação no dia 19 de maio.
Porém, os estudantes não se acovardaram e ocuparam as ruas para defender a educação, a vacina e também para dizer Fora Bolsonaro e seu governo de generais, corruptos, banqueiros e milicianos. E também não se acovardam em defender uma nova política para o movimento estudantil da UFBA, que seja mais combativo, organizado e consequente. Por tudo isso, os estudantes da UFBA tem se organizado para construir a campanha da Chapa 2 Oposição: Reconstrução e Luta e dão início a esse processo eleitoral com um objetivo: reconstruir o DCE da UFBA e resgatar a luta nessa entidade histórica que promoveu grandes enfrentamentos à ditadura militar e pela redemocratização em nosso país.