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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Entrevista com Tezeu Bezerra: “A Petrobras é utilizada por Bolsonaro para promover uma grande mamata”

No último dia 11, Bolsonaro trocou o ministro de Minas e Energia (pasta diretamente ligada à Petrobras), nomeando o economista Adolfo Sachsida, que, até então, era membro da equipe de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Seu cartão de visitas foi o anúncio de que iniciará estudos visando à privatização da Petrobras. Imediatamente, dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmaram que, se o presidente pautar este projeto, enfrentará a maior greve da história da categoria petroleira.

Para falar mais sobre a importância da Petrobras para o Brasil, A Verdade entrevistou Tezeu Bezerra, 34 anos, Técnico de Operação Pleno da empresa há 16 anos, coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e diretor da FUP. Ele explica como a atual política de preços da companhia afeta a vida dos trabalhadores e que medidas devem ser tomadas para que a Petrobras deixe de ser submetida aos interesses do grande capital e volte a estar ao lado do desenvolvimento do país.

HERON BARROSO
Rio de Janeiro

A Verdade – Os preços da gasolina e do gás de cozinha dispararam. Por que isso está acontecendo, se o Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo?

Tezeu Bezerra – Isso ocorre graças à política de preços implementada pelo Governo Temer e mantida por Bolsonaro. Essa política vinculou o combustível produzido pela Petrobras aos preços praticados internacionalmente, em dólar, mesmo o Brasil sendo autossuficiente na produção e no refino do petróleo.

Quem são os maiores beneficiados com essa política de preços?

Somente em 2021, os acionistas da Petrobras receberam cerca de R$ 100 bilhões, uma vez que a empresa atualmente tem como proprietário principal o Governo Federal, mas também grupos capitalistas. Na prática, a classe trabalhadora e a população mais pobre é quem paga a conta na hora de comprar o gás de cozinha e a gasolina, por exemplo, ou por meio do aumento do custo dos alimentos e dos serviços, devido ao valor do diesel, que acaba sendo repassado aos consumidores. Dessa forma, o governo está tirando dos pobres para dar aos ricos.


De que forma o desmonte da Petrobras, com a venda de várias subsidiárias e refinarias, influencia essa alta nos preços?

As privatizações e a venda de subsidiárias da Petrobras, como a BR Distribuidora, fazem com que o país fique cada vez mais dependente do setor privado em relação ao fornecimento de combustíveis e seus derivados. Com isso, o governo brasileiro perde o poder de determinar os preços da gasolina, do gás de cozinha, do diesel, do querosene de aviação, etc. Os impactos negativos são incalculáveis e a gente sente no bolso toda vez que os combustíveis aumentam de preço.


Bolsonaro já trocou duas vezes o presidente da Petrobras. O que está por trás dessas mudanças?

Na verdade, quando faz isso, Bolsonaro troca seis por meia dúzia. O mercado financeiro, apesar de ter apenas dois dos onze acionistas da Petrobras, é quem realmente manda na empresa. Hoje, a Petrobras, assim como outras estatais, é utilizada por Bolsonaro para promover uma grande mamata, na qual quem se beneficia é o mercado financeiro.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas hoje pelos trabalhadores da empresa?

Nossa categoria sofre muito com as péssimas condições de trabalho. O efetivo da empresa tem sido reduzido por meio de uma série de PDVs (Programa de Demissão Voluntária), sem que novos concursos sejam realizados para contratar novos trabalhadores. Assim, aumentam a carga de trabalho e a pressão sobre os petroleiros, que vêm sofrendo com problemas de saúde, como depressão e ansiedade, resultado dessa situação. Para agravar, o Governo Bolsonaro tirou vários direitos dos trabalhadores terceirizados da companhia, como plano de saúde.

Na sua opinião, o que é preciso ser feito para que a Petrobras volte a ser uma empresa comprometida com o desenvolvimento nacional?

A primeira coisa a ser feita é tirar Bolsonaro da Presidência e colocar no seu lugar um presidente que realmente tenha compromisso com o povo brasileiro, e não com o mercado financeiro e o neoliberalismo. Em seguida, é preciso construir novas unidades de refino, terminando as obras do Comperj e da Refinaria Abreu e Lima (PE), voltando a construir novas plataformas e navios. Isso vai gerar emprego e renda e ajudar o Brasil a retomar seu crescimento.

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