Movimento Olga Benario realiza sua 13ª ocupação de mulheres no Brasil. A Casa de Referência Ieda Santos Delgado foi criada no Distrito Federal, sendo a primeira no Centro Oeste. Movimento ocupa prédio abandonado que estava sem função social.
Redação Distrito Federal
Nasce a 13ª ocupação de mulheres do Movimento Olga Benario, desta vez realizada no Distrito Federal, no Guará, sendo a primeira do Centro-Oeste. O local escolhido foi uma antiga casa de cultura que estava abandonada há mais de 10 anos sem cumprir nenhuma função social.
O Movimento de Mulheres, de forma organizada, tornou um local sujo e cheio de entulhos em uma Casa agradável e convidativa para as mulheres de Brasília e demais regiões.
Hoje, as Casas de Referência construídas pelo movimento estão presentes em todas as regiões do país. São um espaço de construção coletiva e de resistência das mulheres. Quando sofrem agressões, elas necessitam sair o quanto antes dessa situação, para que não se agrave a ponto de serem vítimas de feminicídio. Nas Casas de Referência do movimento, recebem assistência jurídica, psicológica e formação, contribuindo para superar esta realidade de vulnerabilidade.
Infelizmente, o Estado não dá o suporte necessário. Ao invés de criar dezenas de casas de referência, fecham as já existentes, a exemplo do governador Ibaneis Rocha (MDB), que fechou a Casa da Mulher Brasileira da Asa Norte.
Para Thaís Oliveira, coordenadora da Casa Ieda, “sermos assassinadas pelo fato de sermos mulheres, o chamado crime de feminicídio, está cada vez mais conhecido pela sociedade, mas não porque temos tido mais informação e políticas de enfrentamento, mas porque tem se tornado um crime cada dia mais comum. Por outro lado, há diversas mulheres querendo fazer algo para ajudar. Por isso, ocupamos esse local que não cumpria qualquer função social, para organizar voluntárias capazes de acolher mulheres em situação de violência doméstica. Então, ocupamos porque é uma necessidade urgente, para salvar nossas vidas e para proteger nossos direitos.”
Quem é Ieda Santos Delgado?
A casa leva o nome de Ieda Santos Delgado, em homenagem à filha de Eunice Delgado e Arthur Odorico Delgado. Ieda foi estudante de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e participou da resistência à ditadura militar integrando a Ação Libertadora Nacional (ALN). Devido a sua atuação, aos 28 anos, foi presa em São Paulo, no dia 11 de abril de 1974 e até hoje sua família luta para saber seu paradeiro. Entretanto, Ieda permanece viva nos corações e mentes das novas gerações.
SERVIÇO
O Movimento de Mulheres Olga Benário está também realizando uma campanha de arrecadação para estabelecer a nova casa de referência. A ideia é tornar o mais rápido possível o espaço adequado para atender as mulheres vítimas de violência.
“A melhor maneira de enfrentar esta realidade, em que a cada 2 horas uma mulher é vítima de feminicídio, é com luta, organização e ousadia”, afirma Thais Oliveira.
É possível apoiar a Casa Ieda Santos Delgado doando para o pix: [email protected].