Desesperado, sabendo que Bolsonaro perderá as eleições nesse segundo turno, empresário assedia eleitoralmente indígenas imigrantes, pagando-os para ir até sua empresa e proferir mentiras para seu auto interesse.
Redação MG
MINAS GERAIS – Na tarde desta quinta-feira(20/10), o empresário Luiz Eugênio, da empresa Loca Tudo, na cidade de Uberlândia – MG, postou um stories na plataforma do Instagram em seu carro junto com uma família venezuelana de etnia warao. No vídeo publicado, o mesmo cita: “ ele vai lá pra minha empresa, para o pátio da minha empresa, para ele explicar, o que que é o Lula ganhar”; “eu vou pagar o dia dele”. Ao chegar na empresa, junto com o pai da família, ainda exclamou aos trabalhadores presentes: “ O que pode acontecer com o nosso país se o Lula ganhar?”.
É fato que, os bolsonaristas, farão de tudo para deslegitimar e manobrar politicamente a mobilização do povo em pró das conquistas populares, inclusive a vitória de Lula. Mas no que não bastasse, neste caso, além de forçar os próprios funcionários a votarem em Bolsonaro, o mesmo se aproveitou da situação de vulnerabilidade socioeconômico dos indígenas imigrantes, pagando-os para ir até sua empresa e proferir mentiras para seu auto interesse, ou seja, para dizer aos trabalhadores que apoia Bolsonaro no Brasil.
Os Warao (povo da água na língua materna), são um grupo étnico constituído originalmente há mais de oito mil anos na região do delta do Rio Orinoco, na Venezuela. São hoje a segunda maior etnia da Venezuela com cerca de 49 mil pessoas que se subdividem em centenas de comunidades em uma região que se estende por quase todo o estado de Delta Amacuro e parte dos estados Monagas e Sucre às margens do Delta do Orinoco.
Em seu modo de vida, são compostos por famílias matrilineares e extensivas, no qual os grupos são conduzidos pelos homens, porém são as mulheres as que fornecem as informações para as decisões e possuem um papel central no dia a dia do grupo.
É um grupo com características específicas e heterogêneas que, a partir de 1920, com as missões religiosas passaram a modificar seu modo de vida e em 1960, em virtude de intervenções em seu território pela Ditadura de Rómulo Betancourt,que impactaram sua água e o seu solo de origem, passando a estabelecerem ciclos migratórios para os centros urbanos (Tucupita, Barrancas, entre outras inúmeras cidades).
Com a nova constituição venezuelana em 1999, com o governo de Hugo Chávez, pela primeira vez na história do país, tão como os indígenas Warao quanto outras etnias passaram a ter direitos, entres estes: alimentação gratuita, isenção de impostos, escolas no idioma warao e integrações de terras.
Com a crise de 2016, originada pelos embargos econômicos dos Estados Unidos, grande parcela da etnia migrou para o Brasil, não tendo apoio do Governo Federal, permanecem sem sequer qualquer ajuda de custo para sobreviverem, levando-os se encontrarem cotidianamente nos semáforos pedindo dinheiro nas grandes cidades brasileiras.
Até a publicação desta matéria, o empresário bolsonarista apenas se pronunciou dizendo: “tem um pessoal aí na internet me criticando (…), olha aí, tô dando oportunidade de emprego para ele”.