Um ano de resistência das mulheres na Casa de Referência para a mulher Preta Zeferina em Salvador/BA

311

Giovana Ferreira 

Coordenação Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario

Hoje, 25 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benario celebra um ano da primeira
ocupação feminina realizada no nordeste, a Casa de Referência para a mulher Preta Zeferina, situada no centro histórico de Salvador, na Bahia.

A ocupação foi realizada no Dia Internacional de Combate à Violência a Mulher, justamente para denunciar o cenário brutal em que inúmeras mulheres vem vivenciando no país e no mundo. No Brasil, uma mulher é morta a cada 24 horas, segundo a Rede de Observatórios de Segurança, além de que o país ocupa a 5° posição – entre 83 países – em que mais mata mulheres. Na Bahia, entre agosto de 2021 e julho de 2022 evidenciou-se o aumento de 47% nos casos de violência contra a mulher, sendo um dos estados brasileiros mais perigosos para as mulheres.

Militantes em Salvador no segundo dia de ocupação da Casa de Referência Preta Zeferina (Foto: Isabella Tanajura/Jornal A Verdade)

Nesta mesma data em 2021, o Movimento de Mulheres Olga Benario ocupou o prédio
abandonado pela Prefeitura há mais de 6 anos, localizado na Ladeira do Baluarte, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, onde funcionava uma Escola Municipal, na qual foi realocada para outro imóvel alugado com a justificativa de que o prédio histórico estava com risco de desabamento. Assim, ao abandonarem, entregaram para a especulação imobiliária.

Desde o dia que ocupamos recebemos diversas mulheres que foram vítimas de violência em Salvador, ajudando-as com todo tipo de apoio (jurídico, psicológico, assistência social) em que precisava, de forma completamente gratuita. O nosso espaço é construído por várias outras mulheres do movimento, que cotidianamente se encontram cansadas do cenário violento em que nós mulheres estamos inseridas, e também pelos moradores e simpatizantes que apoiam a luta através das doações financeiras, de móveis e alimentos para sustentar a ocupação.

Diante disso, a ocupação Casa Preta Zeferina surge como uma direção para as lutas a serem travadas contra a violência de gênero, garantindo às mulheres violentadas um espaço seguro, acolhedor por meio do apoio jurídicos psicológico e da assistência social, além da formação política e ideológica, pois é sabido que a origem da opressão da mulher se encontra essencialmente no sistema econômico capitalista, já que em suas bases podemos encontrar o patriarcado, o machismo, racismo, dentre outras opressões, para sua existência e sustentação econômica.

Samba da Zeferina e a comemoração de um ano de luta

Samba Ohana foi um dos grupos musicais que já se apresentaram no Samba da Zeferina (Foto: Isabella Tanajura/Jornal A Verdade)

Portanto, no dia 26 de novembro no espaço da ocupação ocorrerá o Ato político de um ano da Casa Preta Zeferina, juntamente com a realização do Samba da Zeferina com a venda de feijoada, tendo como presença especial da luta antirracista e anticapitalista a vice-presidenta nacional da Unidade Popular (UP), Samara Martins. Além da presença da presidenta estadual da partido na Bahia, Eslane Paixão, e o Deputado Estadual pelo PSOL – BA, Hilton Coelho. Esse evento tem como objetivo celebrar e rememorar a importância da luta cotidiana das mulheres para que espaços como o da Casa Preta Zeferina se ampliem em todo território nacional para combater os dados que só crescem em relação à violência contra a mulher em nosso país. É pela vida das mulheres! Nenhuma vida a menos! Viva a luta de Preta Zeferina e o Movimento de Mulheres Olga Benario!