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domingo, 22 de dezembro de 2024

Exploração capitalista em mercados atacadistas e varejos

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Cotidiano de trabalhadores revela que minoria de empresários ricos explora impiedosamente seus empregados nos maiores mercados atacadistas do Brasil. 

Leo Ribeiro | Brasília


TRABALHADOR UNIDO – O Natal sem Fome do MLB foi a execução de um plano elaborado ao longo de um ano inteiro. A ocupação de supermercados em 9 estados e no DF levou ao movimento a arrecadação de milhares de cestas básicas para famílias em condição de extrema pobreza terem ceia no Natal. 

Em mais de uma ocasião nesta ação direta, o Movimento foi indagado pelos funcionários dos supermercados se também denunciaram as condições de trabalho precárias que passavam. Suas vozes marcadas pelo cansaço de trabalhar em turno dobrado nas vésperas do feriado sensibilizaram os camaradas.

Quando essa matéria foi escrita, o ano ainda não tinha acabado, mas a Via S.A. (proprietária das Casas Bahia e do Ponto Frio), a CBD (Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem) e a WMS Supermercados (Maxxi, Walmart Brasil e Sam’s Club) já não sairiam mais do top 3 do Ranking anual do TST de ações trabalhistas no comércio. 

Liberdade para explorar e pagar pouco 

Cada uma das mais de 4,5 mil ações que essas empresas somam é reflexo da liberdade para explorar que os supermercadistas ganharam com a aprovação da Contrarreforma Trabalhista de 2017. 

A redução de causas trabalhistas também se explica pelo corte de funcionários que veio depois da sanção da contra reforma, já que equipes de limpeza poderiam ser arcadas por um preço muito mais família contratando terceirizadas. 

Agora, a repositora e o zelador poderiam ter seus adicionais de insalubridade negados e o estabelecimento não precisaria se responsabilizar com nada, mesmo os dois podendo sofrer acidentes trabalhando lá dentro.

Trabalho em lugares insalubres e desumanos e as contrarreformas

O adicional de insalubridade é, provavelmente, o direito mais negado para trabalhadores em supermercados. Logo no início da pandemia de Covid-19, enfatizou-se o quanto os ambientes refrigerados eram extremamente propícios para contaminação. 

Só no Paraná, de março a setembro de 2020, a CEST (Centro Estadual de Saúde do Trabalho) confirmou a contaminação de 6457 funcionários de frigoríficos. Há a prevalência da doença entre esses trabalhadores era 4,29 vezes maior do que entre a população geral. Assim acontecia com qualquer lugar amplo que obrigasse o funcionamento permanente de ar-condicionado, como supermercados. 

A Associação dos Supermercados do Rio de Janeiro divulgou que, até abril de 2020, mês seguinte depois da OMS classificar a Covid-19 como pandemia, cerca de 14 mil dos trabalhadores das redes associadas já haviam sido afastados por contrair o vírus ou estarem sob suspeita de contaminação. 

Esse foi o cenário criado pela contrarreforma de 2017. O direito a horas extras agora pode ser trocado por um aumento de 40% no salário, mas vai ter que dobrar turno sem reclamar. Fazer o quê, agora tá na CLT. Quem liga que faltam EPIs para entrar no frigorífico e só tem meia hora de almoço? 

A propaganda da jornada intermitente diz que o “faz o seu horário”. Na realidade, os gerentes chamam pra trabalhar quando ele quiser e te pagar o que ele achar que tá bom). A verdade é que o capitalismo fracassou e administrar sua crise é um ato de barbárie. Os supermercados mostram o quão este sistema é violento é contra o povo.

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