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terça-feira, 12 de novembro de 2024

UFRGS aprova cotas para pós-graduação

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Em sessão histórica, após dois anos de pressão da comunidade acadêmica, Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou por unanimidade, cotas para os estudantes de pós-graduação. 

Sarah Domingues, Diretora da UNE e militante da UJR


RIO GRANDE DO SUL – No dia 13 de janeiro de 2023 foi aprovada por unanimidade a resolução das ações afirmativas na pós-graduação, vitória histórica do Movimento Estudantil, especialmente considerando que os estudantes de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) carecem de direitos próprios ou regulamentações. Segundo Vinicius Stone, coordenador da Associação de Pós Graduandos da UFRGS (APG UFRGS) em 2017,“esta vitória é fruto de uma luta coletiva que a poucos anos atrás estava desarticulada, mas que, apesar das antigas gestões da Universidade, que se diziam democráticas, serem contra a implementação das cotas na pós, foi rearticulada pelo Movimento Correnteza, que fez esse debate e levantou essa pauta desde que ingressou na gestão da APG, e garantiu o primeiro passo para chegarmos onde estamos hoje: Aprovar as cotas em todos os PPGs sob uma intervenção, graças a constante luta do movimento estudantil”.

Segundo Diogo Zanini, representante discente que compôs o GT das Ações Afirmativas pela APG UFRGS, “todo o processo ganhou corpo após uma recomendação do Ministério Público Federal para que a Universidade adotasse critérios mínimos para ingresso por ações afirmativas para todos os cursos de pós-graduação da Universidade, seja stricto sensu e lato sensu, incluindo as residências de saúde multidisciplinares, em 2020, quando foi proposta uma coordenação para pensar essa resolução, proposta por Paulo Schneider, presidente da Câmara de Pós-graduação, que por sugestão da representação discente se tornou um ‘GT’, ou seja, um Grupo de Trabalho com ampla representatividade, incluindo representantes das outras categorias profissionais e dos movimentos negro, indígena, quilombola, das pessoas com deficiência e LGBTQIA+ da universidade.”

A conquista só foi possível ao fim de mais de 2 anos de prolongado debate e intensos tensionamentos. Até o último momento, houveram tentativas de criar exceções para os cursos de especialização. Segundo Cauã Antunes, atual coordenador geral da APG UFRGS, “a realidade da pós-graduação hoje é de exclusão da maior parte da população. Menos de 15% da juventude ingressa na Universidade, e menos de 1% chega à pós-graduação. A criação de políticas de ações afirmativas é uma demanda que já perdura 11 anos neste setor, desde a implementação de cotas que só contemplaram a graduação. E por isso a APG conduziu essa luta por tantos anos, conquistando inclusive as cotas em diversos Programas de Pós Graduação (PPGs) de forma independente à administração unificada da UFRGS, como na geografia, física, letras, etc. Ainda assim, até esta sexta essas políticas atingiam menos de um terço dos 95 PPGs da UFRGS.” A resolução aprovada prevê destinação de 30% das vagas de todos os curso de pós-graduação stricto e lato sensu para pessoas pretas, parda, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, travestis e transexuais, refugiados e migrantes em situação de vulnerabilidade.

Os militantes do movimento Correnteza membros da APG UFRGS questionaram na sessão do Conselho o porquê de a UFRGS oferecer tanta resistência aos avanços sociais que se desenvolvem nacionalmente, como aconteceu com as cotas na graduação e a adoção do ENEM, e perdura com as matrículas precárias, e ressaltaram que as ações afirmativas sozinhas não garantem a formação de cientistas de grupos historicamente excluídos dos espaços de produção de ciência e pesquisa do nosso país, é preciso criar políticas de permanência associadas, como Casa do Estudante, Restaurante Universitário, Licença Maternidade e bolsas de pesquisas reajustadas para todos, principalmente os que se caracterizam na baixa renda. Mas ressaltaram que esta batalha vencida será gás para a continuidade da luta por uma universidade de todos, e que as cotas na pós-graduação vão conceder ao corpo de pesquisadores e docentes da UFRGS uma riqueza da qual ela tanto carece – de perspectivas, de tradições, e de espíritos combativos que anseiam pela emancipação do povo.

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