Pessoas trans e travestis enfrentam diversas dificuldades para permanecer no ambiente acadêmico das universidades brasileiras.
Gabe Falci | Rio de Janeiro
OPINIÃO – No Brasil, dificilmente pessoas trans conseguem terminar o ensino fundamental. Entrar numa universidade e concluí-la é ainda mais difícil. As poucas que ingressam (0,1%, segundo dados da Andifes) enfrentam diversas dificuldades para permanecer no ambiente acadêmico, desde a transfobia institucional até a falta de estrutura e preparo das universidades para receber estudantes trans e travestis.
Durante os períodos de 2021.2 e 2022.1 da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), estudantes trans e travestis que fazem uso do nome social e não possuem seus registros retificados, tiveram seus nomes “mortos” expostos em listas de chamadas, listas para entrada no bandejão e várias pessoas sofreram reprovações em diversas disciplinas, pois apenas o nome de registro constava no sistema online dos professores. Assim, as que só eram reconhecidas pelo nome social foram reprovadas, já que os professores não conseguiam saber de quem eram aqueles nomes.
Esses problemas só começaram a ser resolvidos depois que estudantes trans se uniram e formaram um coletivo, a Rede Trans UERJ, para cobrar posicionamento das pró-reitorias e exigir mudanças na política de nome social. O movimento estudantil possui um papel essencial na organização e na conquista do acesso ao ensino superior das pessoas trans e travestis, defendendo políticas de segurança e permanência estudantil, cotas raciais, para PcDs, cotas de renda e, agora, as cotas trans, lutando pelo fim da violência institucional.
Essa violência acontece porque as universidades não estão preparadas para ter pessoas trans e travestis. Vivemos num sistema capitalista que para se manter explora essas pessoas. Segundo dados da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais), 90% das pessoas trans no Brasil vivem da prostituição. Esse é um dado alarmante, que diz muito sobre quais as condições que essa população vive em nosso país.
É de extrema urgência acabar com essa injustiça. E a forma de conquistar isso é lutando por políticas públicas para garantir que crianças e adolescentes trans e travestis consigam terminar de cursar o ensino fundamental e médio, pressionando as universidades públicas de todo o país para que acabem com essa violência institucional, garantindo o básico, respeito ao nome e segurança. Precisamos também lutar pela derrocada do capitalismo, pois só assim conseguiremos garantir a completa dignidade para toda a população trans e travesti.
Acho de suma importância, criar um grupo especializado em dar assistência às pessoas trans e travestis, desde a decisão de assumir perante a sociedade o desejo de viver como expressa a sua essência.
Pessoas trans a travestis são marginalizadas por todos os lados, mesmo dentro de casa ou na rua ou em qualquer situação ao qual se colocam em contato com outra pessoa, pois, a discriminação é presente e exposta diariamente.
Dar assistência jurídica e qualquer apoio para uma possível graduação, é um dos caminhos para um futuro mais digno e menos desigual.