No dia que homenageia Edson Luiz (28), estudante assassinado brutalmente pela Ditadura Militar Fascista por lutar por alimentação digna, os estudantes da UFMT ocuparam a guarita da Universidade exigindo a recomposição orçamentária à educação pública.
Ana Pistori e Whilber Rafael | Mato Grosso
JUVENTUDE – Nesta terça-feira (28), a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), amanheceu com a guarita 1, que dá acesso ao Campus de Cuiabá, ocupada pelos universitários. Nesse ato, o Movimento Correnteza, a União da Juventude Rebelião e a Unidade Popular pelo Socialismo, junto aos estudantes, reivindicaram a recomposição orçamentária destinada à educação pública.
Em 2022, o governo do fascista Jair Bolsonaro aprovou medidas que restringiam o acesso dos estudantes à educação superior pública e gratuita. Nesse contexto, já se tinha conhecimento da ameaça de redução nos orçamentos destinados às políticas de permanência nas Universidades Federais em todo o Brasil. Para a UFMT, essas medidas foram sinalizadas como duas propostas arbitrárias: um corte de 400 bolsas de auxílio estudantil ou o aumento do preço do bandejão do Restaurante Universitário (RU).
Na semana do dia 25 de março, membros da comissão responsável pelo planejamento orçamentário da Universidade Federal do Mato Grosso, em reunião com as entidades de base, garantiram que iriam insistir pela manutenção do direito ao auxílio, assim como a estabilidade do preço da refeição do RU, por haver a sinalização de uma possível recomposição das finanças.
Apesar dessa garantia, o ato de manifestação em frente à reitoria durante a reunião do CONSEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), que já havia sido deliberado em assembleia geral dos estudantes, foi mantido. Assim, na segunda-feira (27/03/2023), os estudantes se mobilizaram para exigir a retirada dos aumentos e cortes de auxílio à permanência dos debates de implantação do orçamento. Nesse mesmo dia, durante a manifestação, o reitor Evandro Aparecido Soares da Silva garantiu aos estudantes que nenhuma bolsa seria cortada e que não haveria aumento no preço das refeições no RU.
Entretanto, após as deliberações do Conselho, no período da tarde, os estudantes foram surpreendidos com a informação de que havia ocorrido a aprovação de um corte de R$ 2.000.000,00 nas bolsas do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), isto é, o contrário do que o reitor prometeu. Esse fato motivou a ocupação da guarita da UFMT, porque quando as “opções” se resumem à possibilidade de um corte de bolsas ou a um aumento no preço do RU, e os conselhos de aprovação de orçamentos golpeiam os estudantes, se cria um cenário inaceitável. Isso porque essas propostas condenam inúmeros estudantes a deixarem de realizar o sonho do curso superior.
Desse modo, as implicações práticas dessas artimanhas geram, necessariamente, o impedimento na distribuição de novas bolsas aos alunos que ainda não recebem o auxílio financeiro. Como resposta a esses golpes, houve a mobilização dessa ocupação. O Movimento Correnteza, a União da Juventude Rebelião e a Unidade Popular pelo Socialismo se fizeram presentes no local desde às 5h da manhã, e, junto com os estudantes, resistiram, mediante a ameaças, xingamentos, tentativas de agressão e até de atropelamento (tanto de motos e carros, quanto de ônibus).
Durante a ocupação, o Movimento Correnteza se recorda da imagem de Edson Luiz de Lima Souto, estudante secundarista que foi assassinado pela polícia da Ditadura Militar Fascista, em uma manifestação pela defesa dos direitos estudantis, que acontecia em frente ao Restaurante Central dos Estudantes no Rio de Janeiro. Hoje, após 55 anos da imortalidade de Edson Luiz, o seu exemplo segue vivo e suas sementes seguem lutando. Edson Luiz esteve presente.
A partir desse exemplo de militância, os estudantes insistiram incansavelmente pela recomposição do orçamento até alcançarmos essa vitória. Nesse sentido, é importante relembrar que nenhum direito está garantido, é preciso lutar pela dignidade da classe trabalhadora e dos estudantes no Brasil, seguindo o lema de que “as palavras convencem, mas o exemplo arrasta”.