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terça-feira, 23 de abril de 2024

Governador quer privatizar a água do povo de SP

Privatizar a água significa contas muito mais altas, demissões e serviços muito piores.

Marcelo Viola, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SINTAEMA) e Alexandre Ferreira, do Distrito Federal


BRASIL – Privatizar é vender uma empresa pública e os serviços que ela executa para uma empresa particular, ou seja, uma empresa privada.

A Sabesp é uma empresa pública que fornece água potável e realiza a coleta e tratamento de esgoto em 363 municípios do estado de São Paulo. Ela é responsável pela captação da água e pelo monitoramento e gestão dos níveis das represas de São Paulo.

Por ser uma empresa pública, a Sabesp oferece contas mais baixas para as famílias mais pobres e possui tarifas muito mais baixas do que as empresas privatizadas.

Só em 2022 a Sabesp gerou um lucro de mais de R$3 bilhões e metade desse valor retornou aos cofres de São Paulo. Ou seja, a empresa além de não gerar gastos ao Estado ainda coloca bilhões de reais nos cofres públicos para serem investidos em saúde, educação, etc.

A privatização da Sabesp significa o fim das tarifas baixas, a entrega do controle da água do povo de São Paulo para as grandes empresas e o desvio dos lucros para os, já muito ricos, empresários.

E qual o problema de a Sabesp ir para as mãos das empresas privadas?

O objetivo de uma empresa privada é buscar ao máximo lucrar pelos serviços que executa. Então quem arrematar a Sabesp buscará, de todas as formas, aumentar seus lucros.

Algumas das medidas para maximizar os lucros são aumento das tarifas, fim das tarifas sociais para famílias mais pobres e a redução dos gastos com a execução dos serviços prestados, passando a utilizar material de baixa qualidade, equipamentos mais baratos, reduzindo salários, demitindo trabalhadores e reduzindo os investimentos para a universalização do saneamento.

Portanto, privatizar significa contas muito mais altas, demissões e serviços muito piores.

Governador de São Paulo, Tarcísio, é bolsonarista e aliado dos ricos

Tarcísio de Freitas é um político ligado e financiado pelos grandes empresários e pelas elites do estado de São Paulo. Ele foi ministro de Bolsonaro e possui denúncias de favorecimento de empreiteiras para a execução de obras públicas.

O compromisso de Tarcísio é com o enriquecimento ainda maior da burguesia brasileira. Por isso quer entregar uma empresa como a Sabesp para os empresários, para que eles fiquem ainda mais ricos através do dinheiro dos trabalhadores.

Reestatização da água: uma tendência global

Enquanto os governos brasileiros querem privatizar tudo, segundo pesquisa realizada pelas instituições Unidade Internacional de Pesquisa de Serviços Públicos (PSIRU), Instituto Transnacional (TNI) e Observatório Multinacional, que publicarão o relatório: Veio para ficar: a reestatização da água como uma tendência globalem que se apresenta como tendência entre os anos 2000 e 2017 a reestatização do serviço de água e esgoto.

A pesquisa constata que cada vez mais cidades, regiões e países por todo o mundo estão optando por fechar o livro das privatizações no setor e reestatizar serviços, retornando o controle público da gestão da água e do saneamento em muitos casos, isto é, uma resposta às falsas promessas dos operadores privados e ao seu fracasso em colocar o interesse das comunidades acima do lucro.

Entre 2000 e 2017, houve pelo menos 180 casos de reestatizações em 35 países, como Alemanha, Argentina, Hungria, Bolívia, Moçambique e França. Em contraposição, neste mesmo período, muitos poucos casos de privatizações dos serviços de água ocorreram.

Este fenômeno de reestatizações como uma tendência mundial revela que o número de reestatização nas cidades duplicou nos últimos cinco anos, o que demonstra a aceleração desta tendência.

Não é por acaso que a França, um dos países que mais promoveram reestatizações, somando até agora 49 cidades, foi o país com mais longa história de privatização da água e é a sede das maiores multinacionais do setor. Os municípios franceses viveram em primeira mão o “modelo de gestão privada” que exportaram para todo o mundo como solução.

Em Paris, capital da França, foram realizados, em 1984, dois contratos de concessões de 25 anos. Em 2001, ao se fazer uma auditoria nas empresas privadas que geriam o abastecimento de água da cidade, foram detectadas inúmeras irregularidades com destaque para os preços abusivos cobrados, de 25% a 30% superiores aos custos. Em 2010, quando reestatizado, o sistema permitiu a redução das tarifas em 8%.

Nos Estados Unidos, país onde mais ocorreram reestatizações, com 59 cidades, não foi diferente. Um exemplo significativo é a cidade de Atlanta, onde, nos primeiros quatros anos (1999 – 2003) de privatização do sistema de água, houve a demissão de metade dos trabalhadores e as tarifas continuaram a subir ano após ano. A qualidade do produto baixou de tal forma que em algumas ocasiões os moradores eram forçados a ferver a água devido ao tratamento insuficiente e, muitas vezes, ela chegava às torneiras com a cor alaranjada. Em 2003, alegando má gestão, o sistema foi reestatizado.

As razões apresentadas nos países para as reestatizações são semelhantes por todo o mundo: baixa qualidade nos serviços, aumento brutal nas tarifas, falta de transparência financeira, desempenho medíocre das empresas privadas, subinvestimento e dificuldade em monitorar os operadores privados.

E como impedir a privatização da água em São Paulo?

É necessário criar um grande movimento popular de combate à privatização. Debater nos bairros, escolas, fábricas de todo o estado o significado da privatização da Sabesp e o quanto isso vai encarecer o acesso à água, diminuir a qualidade do serviço e prejudicar principalmente a classe trabalhadora.

Nesse sentido, a militância da UP em todo o estado de São Paulo terá um papel fundamental nessa luta. Sob a palavra de ordem, “Privatização é corrupção, Tarcísio tire suas mãos da nossa água” precisamos fazer grandes agitações, organizar debates, construir atos de rua, promover a construção da unidade entre partidos, sindicatos e movimentos sociais para barrar esse crime contra o povo.

COM POVO NA RUA NÃO HAVERÁ PRIVATIZAÇÃO!!!

Publicado na edição impressa nº 265 do Jornal A Verdade.

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