Novo Ensino Médio é uma tragédia para a formação dos jovens

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Felipe Manfredini e Isis Mustafa


Com a volta às aulas, a Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC (ARES-ABC) visitou escolas das sete cidades da região paulista para dialogar com os estudantes sobre o Novo Ensino Médio. Através de panfletagens nas portas das escolas e reuniões com os grêmios estudantis, os diretores da ARES diagnosticaram que a Reforma do Ensino Médio é uma grande mentira, pois não realizou nenhuma das suas promessas de melhoria no ensino, além de ser uma verdadeira tragédia para a formação da juventude. 

Nos últimos dois anos, a reforma foi implementada paulatinamente na rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Vendido como uma “revolução educacional”, o Novo Ensino Médio exclui matérias fundamentais para a formação técnica e do pensamento crítico da juventude, trocando-as por matérias como “Brigadeiro Caseiro”, “Mundo Pets S.A.” e “Corte e Costura”.

Ao mesmo tempo, os professores não receberam nenhuma formação necessária para ministrar essas aulas. O sentimento dos estudantes é de que não estão aprendendo nada e que estão em desvantagem no mercado de trabalho ou na tentativa de ingressar no vestibular. Como comenta Sarah, aluna do terceiro ano da Escola Estadual Professor Jorge Rahme, em São Bernardo: “Colocaram mais matérias mesmo com o número insuficiente de professores, matérias que de forma alguma auxiliam o aluno a prestar o vestibular e tentar de alguma maneira digna ‘competir’ com um aluno de instituição privada”. 

Futuro prejudicado

Outra mentira da reforma é a tal da “liberdade de escolha”, onde os alunos poderiam escolher entre cinco itinerários formativos aquele que tivesse mais identidade. Porém, essa não é a realidade: as escolas têm pouca ou nenhuma estrutura para ofertar todos os itinerários e acabam sempre oferecendo apenas duas escolhas para os alunos. Além disso, essa escolha precisa ser feita no início do Ensino Médio e não pode mudar depois.

O problema é que nessa idade de descobertas e muitas mudanças, os estudantes não se sentem seguros para tomar decisões que duram pelo resto da sua formação. Em alguns casos extremos, a escolha sequer é uma realidade, como na escola do Pedro, aluno do terceiro ano, que se queixa de que “não foi oferecido nenhum itinerário para escolher; a gente chegou e fez o que tinha. Tanto que os itinerários do ano passado e desse ano são bem diferentes”. 

A falta de estrutura para os itinerários tem impossibilitado que as aulas aconteçam, aumentado o número de aulas vagas por todas as escolas. Ingrid, aluna do terceiro ano, diz que pegou a matéria de “Corte e costura”, porém sua escola não tinha as ferramentas de costura. “Nos prometeram uma escola com uma melhor infraestrutura para que os itinerários formativos fossem executados, mas não é isso que tem acontecido. A escola não tem estrutura para receber aulas como robótica e costura e também faltam muitos professores”, reclama. 

Essa Reforma é uma farsa! O que as escolas precisam é de mais investimentos para reformar a sua estrutura, comprar equipamentos para os laboratórios, merenda para os alunos e fazer concurso para contratar mais professores. Enquanto o teto desabar e a escola inundar a cada chuva que cai, não é possível falar que ela foi reformada. 

Por todos esses motivos, a ARES-ABC se junta ao movimento educacional de todo país e ao Movimento Rebele-se na UBES na campanha pela imediata revogação do Novo Ensino Médio.