Entre os dias 6 e 9 de abril, ocorreu o Encontro Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Enet 2023), organizado pela Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet). O evento reuniu mais de mil estudantes de pelo menos 20 estados e o Distrito Federal na capital fluminense. Ao todo, estavam representados 25 institutos federais e dezenas de escolas técnicas estaduais.
Redação Rio
JUVENTUDE – A chegada dos estudantes ao Rio foi cercada de muita mobilização nos institutos federais e escolas técnicas. Os cortes de verbas dos últimos sete anos afetaram muito a estrutura das instituições de ensino, tornando um desafio grande a participação no Enet. Mesmo assim, não houve obstáculos que impedissem uma massiva e representativa presença no encontro. “Estou muito feliz e animada que a gente conseguiu trazer uma grande bancada do estado do Ceará. Espero que a gente saia daqui e consiga fortalecer os grêmios e as lutas dos estudantes no nosso estado”, disse Sarah Rodrigues, estudante do IFCE, expressando o sentimento geral.
Os quatro dias de encontro foram marcados por intensos debates e discussões sobre a conjuntura política, o combate ao fascismo, a luta contra a Reforma do Ensino Médio e pela recomposição do orçamento da Educação.
Na mesa de abertura, estiveram presentes representantes do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Reitorias do IFF e IFRJ, Prefeitura do Rio e Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, provando a força e o reconhecimento da Fenet.
Em seguida, Leo Péricles, presidente nacional da UP, Renata Souza, deputada estadual pelo Psol, e Elenira Vilela, da coordenação nacional do Sinasefe, promoveram um rico debate sobre a situação da conjuntura brasileira e apontaram os principais desafios do movimento popular para o próximo período. “Devemos fortalecer a luta pela reconstrução do país, a denúncia dos crimes do governo passado e a campanha pela punição de Bolsonaro e seus cúmplices”, defendeu Leo, arrancando fortes aplausos dos presentes.
Estudantes definem lutas da Fenet
Na sexta e no sábado, ocorreram quatro importantes painéis sobre a Reforma do Ensino Médio, a luta pela recomposição do orçamento da Educação, a questão da assistência estudantil e a luta contra as privatizações, além de diversos grupos de debate sobre os mais variados temas. Neles, os estudantes puderam elaborar propostas de lutas que a Fenet deve abraçar nos próximos anos, mostrando que movimento estudantil se faz com democracia e participação da base.
“Minha expectativa é que organizemos os estudantes de forma combativa para revogar o Novo Ensino Médio para que seja possível termos uma educação de qualidade”, espera Luísa Victória, aluna do IFRJ. O mesmo sentimento de João Fernando, estudante do IFMG, que afirmou que o Enet foi importante para poder “levar experiências daqui para o nosso grêmio, [experiência] de vivência e organização no movimento estudantil”.
Além dos debates, o Enet foi um espaço para troca de experiências e manifestações culturais dos quatro cantos do país. Todos os dias à noite atividades foram organizadas, mostrando o samba, o forró, o rap, o funk, a poesia e a dança da juventude. “Foi tudo ótimo! Os debates, as experiências, os novos amigos, as atividades culturais… Saio daqui animada para construir o movimento na minha escola”, relatou Amanda Venceslau, estudante do IFSC.
Nova diretoria eleita
O último dia do Enet começou com muita emoção e um ato político em homenagem aos estudantes mortos e desaparecidos pela ditadura militar de 1964, no qual participaram o ex-preso político Paulo César Ribeiro, Léo Alves, neto do dirigente comunista assassinado pela repressão Mário Alves, o ex-metalúrgico e dirigente sindical Carlos Roberto Maria, o Formigão, e Juliete Pantoja, presidente da UP no Rio de Janeiro.
Em seguida, a Plenária Final aprovou uma resolução política do Enet contra a Reforma do Ensino Médio e as propostas vindas dos grupos de debate.
A última parte do encontro foi a eleição da nova diretoria da Fenet, aprovada por unanimidade pelos estudantes presentes, e que será encabeçada pelos estudantes João Vitor da Silva, do Colégio Técnico da UFMG, Nicole Viana, do Cefet-RJ, e Ana Luiza Rocha, do IFBA.
Para Nicole, o Enet “foi um passo muito importante na construção da luta dos estudantes de todo o Brasil em defesa da educação pública de qualidade. Deixamos claro que somos contra esse Novo Ensino Médio e exigimos que o novo governo devolva os recursos que a educação perdeu nos últimos anos”.
Os debates e decisões tomadas no Enet 2023 com certeza repercutirão muito ao longo deste ano. A unidade e combatividade demonstradas pelo conjunto dos estudantes indicam que a tendência é que as lutas em defesa da educação pública se acentuem mais a partir de agora, e a Fenet tem tudo para estar à frente dessas lutas.
Matéria publicada na edição nº269 do Jornal A Verdade.