Rodoviários de Feira de Santana fazem greve contra atraso nos pagamentos

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Atraso no pagamento do salário e encargos sociais é uma infeliz rotina na vida da categoria dos rodoviários de Feira de Santana.

Gabriel Reis | Feira de Santana/BA


 

TRABALHADOR UNIDO – Na quarta-feira (26) trabalhadores rodoviários da empresa Rosa paralisam toda sua atividade haja vista que não receberam o ticket alimentação referente ao mês de abril e a empresa não recolhe o FGTS a aproximadamente um ano. Não é o primeiro protesto da categoria; no dia 17 de abril, liderados pelo SINTRAFS (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros Urbanos, Intermunicipal Interestadual de Feira de Santana), os rodoviários paralisaram suas atividades por algumas horas. Todavia, desta vez os trabalhadores nem precisaram da sinalização do sindicato uma vez que eles ocuparam a garagem da empresa espontaneamente.

Ao final do dia a empresa Rosa se comprometeu a pagar o ticket de alimentação.

Atraso no pagamento do salário e encargos sociais é uma infeliz rotina na vida da categoria dos rodoviários de Feira de Santana. “Nesses últimos 6 meses a gente vem sofrendo muito com esses atrasos de pagamento de vale alimentação, INSS e de salário. Existe uma briga interna entre a empresa e a prefeitura e isso não interessa pra nós. Quando a empresa vem para a cidade ela tem que ter uma estrutura para pagar os seus compromissos. Nós não pedimos nada além daquilo que temos direito” afirma José de Souza Almeida, vice-presidente do SINTRAFS.

A precariedade do transporte público de Feira de Santana não somente prejudica os usuários como também os trabalhadores da categoria. José de Souza Almeida diz que “nossa frota está ficando velha, já está com 6 ou 7 anos. Isso é ruim para todo mundo. A gente tem aí em torno de 20% dos trabalhadores com problema de coluna, com problema psiquiátrico. O estresse é grande. O trânsito de Feira é terrível!”.

Além disso, a categoria ainda sofre com a falência das duas empresas anteriores que forneciam o serviço. Uma matéria de 2021 do portal de notícias Acorda Cidade mostra que desde 2015, após a falência das empresas Viação 18 de Setembro e Princesinha do Sertão, vários trabalhadores estão sem receber as verbas rescisórias e ambas as empresas entraram na justiça contra a prefeitura pelo não pagamento dos vales-transportes.

Situação do transporte público na cidade

Atualmente duas empresas de ônibus fornecem seus serviços para o transporte público (Rosa e São João) e ambas possuem vários problemas assim como realizam práticas as quais prejudicam os usuários. A maior parte das linhas de ônibus passam no terminal central o que obriga os passageiros na prática a ter que pegar dois ônibus para ir a qualquer lugar. Uma prática comum das empresas é não passar os ônibus na hora estabelecida; por exemplo, se uma determinada linha possui como horários 14:00, 14:30 e 15:00 a empresa faz com que o ônibus de 14:30 não passe e apenas um realize o transporte de dois horários. Nesse caso o ônibus de 15:00 pega tanto os passageiros desse horário como os de 14:30, buscando assim reduzir custos. Ademais, existem poucas linhas exclusivas para o transporte público tendo que os ônibus disputarem espaço com outros veículos na rua.

Outra questão está associada ao BRT, uma obra de mais 90 milhões de reais e que após várias falhas na construção não apresenta resultados satisfatórios. São apenas duas linhas que para a população “saem de canto algum para lugar nenhum” e atendem poucos usuários. Além disso, alguns dos ônibus do BRT foram incorporados ao sistema de transporte público regular.

Problema estrutural do capitalismo

Casos como esse e o da privatização do metrô em São Paulo mostram que a gestão privada do transporte público objetiva única e exclusivamente o interesse privado uma vez que a precarização do serviço e das condições dos trabalhadores aumenta o lucro privado. Isso não deve ser visto como apenas casos isolados de determinadas realidades ou de certas empresas, mas como um aspecto estruturante do sistema capitalista. Devemos apoiar a luta dos trabalhadores do transporte público e lutar pelo passe livre para criarmos um sistema de transporte que realmente atenda as necessidades da população.