Vereador fascista do Paraná ataca movimento Hip Hop e associa artistas ao crime organizado. Declarações do parlamentar ocorreram em sessão da Câmara de Curitiba e foram alvo do repúdio de artistas populares.
Gabriela Torres | Curitiba
BRASIL – O vereador fascista Eder Borges (PP), durante a uma sessão na câmara de vereadores da cidade de Curitiba, atacou o movimento hip hop com falas racistas, O parlamentar associou o movimento hip hop está vinculado a criminalidade.
“É íntima a relação do hip hop com o crime organizado e com a extrema-esquerda. Trabalhar que é bom nada, bando de vagabundo (…) Hip hop é coisa pra detento. Para que serve o hip hop? Para dizer aos nossos jovens que o crime compensa. É tudo o que há de pior, porque prega a segregação. Quantos mano viraram e adotaram essa cultura que é legal ser bandido por causa desses grupos de rap?”, afirmou o vereador na tribuna.
Os ataques ocorreram durante a sessão que aprovou o Hip Hop como Patrimônio Imaterial do Estado do Paraná. A conquista dessa moção é fruto direto da mobilização do movimento negro e dos coletivos de cultura independentes do estado.
O movimento Hip Hop nasceu nos guetos nova-iorquinos nos anos 70 e chega no Brasil nos anos de 1980, tomando as ruas e periferias das capitais, cumprindo um papel de denúncia da desigualdade social, do racismo e da violência policial nas favelas.
O vereador é um dos representantes do fascismo na Câmara Municipal, e ficou conhecido por ser autor da proposta aprovada que concede o título de cidadão honorário da cidade Curitiba ao falecido Olavo Carvalho semanas atrás, e segue sendo processado pelo crime de transfobia.
O Jornal A Verdade procurou representantes do movimento Hip Hop para ouvir o que pensavam das falas do vereador. Para Allan, 18, atual campeão estadual das batalhas de rima no Paraná e representante da batalha de Pinhais, “para quem faz parte da cultura na cena paranaense, tudo o que ele falou gera um incômodo é um desconforto. (…) quem tá no dia a dia, sabe como as coisas funcionam, como isso aqui muda, traz perspectiva, acesso pras lugares que as pessoas nem imaginam.
Ele também defende a cultura das periferias como uma forma de criar perspectiva de vida para a juventude preta. “O hip hop é um movimento de inclusão, empatia, voce pode ser quem voce é, voce se expressar. Envolve várias coisas que pessoas de outros lugares nunca se importaram. (…) mas a cultura salva, as batalhas salvaram a minha vida, e tenho certeza de que salva a de todo mundo”, afirmou o artista.