Calourada na UFRJ questiona teto de gastos na educação pública

261

A Calourada Unificada da UFRJ do primeiro semestre questionou o teto de gastos para o investimento na educação. No momento de recepção dos novos estudantes, as entidades discentes apresentaram a importância de acabar com o teto para garantir políticas públicas paras as mulheres e outros setores da universidade.

Gabrielle Batista | Rio de Janeiro


EDUCAÇÃO – Em 6 de abril, a Calourada Unificada, uma das festas mais esperadas pelos universitários calouros, ocorreu na Faculdade de Letras da UFRJ. Essa festa, que é construída por diversos centros acadêmicos, como o próprio Centro Acadêmico de Letras e o DCE Mário Prata. 

A calourada, além de ser um espaço de lazer para os alunos, é também uma oportunidade de questionar as políticas públicas defasadas da universidade. Elas reforçam a evasão dos discentes do Ensino Superior, a falta de segurança nos campus, a falta de creches para as estudantes que são mães, a falta de acessibilidade para os estudantes PCD’s, entre outros problemas que os discentes precisam enfrentar quando ingressam na universidade. 

Em todos os semestres, a Calourada é temática e o tema surge a partir de uma conjuntura política específica. “Derrubar o teto para Erguer a UFRJ’’ foi tema deste ano, devido a Emenda Constitucional 95, que congela o orçamento da universidade por 20 anos, fazendo com que a universidade seja cada vez mais sucateada. Neste ano, a EC 95 será substituída pelo chamado “Arcabouço Fiscal”, do ministro Fernando Haddad, que mantém as limitações aos investimentos em educação.

A luta contra o teto de Gastos é fundamental não só na universidade, mas principalmente é uma demanda da classe trabalhadora que vive sob uma condição de escravidão assalariada, com condições sub-humanas de trabalho e sofrendo por serem os trabalhadores que recebem o menor mínimo salário do mundo. 

Por isso é tão importante derrubar qualquer teto de Gastos. Para ampliar as políticas de permanência nas universidades, de acesso à creches para as estudantes que são mães, e para ampliar a empregabilidade no nosso País. E, além disso, garantir aos trabalhadores condições dignas e seguras de trabalho.

É importante cobrarmos para que o nosso povo não sofra, como nos últimos quatro anos, no governo fascista de Bolsonaro, com o alto índice de desemprego, de violência, de fome. É urgente pressionarmos pela ampliação de políticas públicas de segurança para as mulheres, que foram as mais afetadas, com a tripla jornada de exploração precisando trabalhar, cuidar dos filhos e estudar, em condições subumanas e sem qualquer amparo governamental.

Isso tudo com um presidente que se colocou como maior inimigo das mulheres, cortando mais de mais 90% das verbas destinadas à políticas de enfrentamento ao combate à violência contra mulher. Infelizmente, mais mulheres se tornaram expostas a situações de vulnerabilidade e violência no nosso País. Por isso, é tão necessária a nossa luta pela Prisão de Bolsonaro e seus cúmplices fascistas, que afundaram mais de 30 milhões de famílias no contexto de extrema pobreza e vulnerabilidade social. 

É fundamental a luta do movimento estudantil pela garantia dos direitos estudantis, e pelo cumprimento da palavra do atual presidente, que se elegeu prometendo a ampliação de políticas públicas nas universidades e geração de empregos para o povo brasileiro. É preciso pressionar o Governo Federal para quebrar o do teto de gastos. É necessário que o governo garanta o direito dos estudantes ao acesso à uma educação de qualidade, com infraestrutura, mais auxílios de permanência e pelo direito das mulheres e da classe trabalhadora a condições dignas de vida, segurança e saúde. 

Com a derrubada do teto, podemos pensar em melhores políticas de segurança nas universidades, por mais iluminação nos campus, pela criação de políticas de acolhimento jurídica e psicológica para as mulheres vítimas de assédio.

Campanha contra assédio na calourada 

É urgente lutarmos pelo direito de lazer das mulheres nas calouradas, que é onde acontecem mais casos de assédio, justamente porque há pouca iluminação e falta de uma estrutura institucional de acolhimento para acolher as estudantes que venham sofrer algum tipo de violência nestes espaços. Neste sentido, a mobilização estudantil nestes locais é imprescindível para lutar pela vida e segurança das mulheres na universidade.

Por isso, o Centro acadêmico de Letras, DCE Mário Prata construidos pelo Movimento Correnteza, juntamente com o movimento de Mulheres Olga Benario e o Coletivo Feminista Lélia González construíram uma tenda de acolhimento durante a festa. Esta é uma forma de denunciar os inúmeros casos de assédio na universidade e também para acolher as estudantes que sofressem algum tipo de violência durante a festa. 

A campanha contra o assédio nas universidades, também foi uma das atividades da semana de integração organizada por diversas entidades estudantis da UFRJ. A ideia é lutar por uma universidade mais segura para as mulheres e para relembrar a memória de Janaina Bezerra, estudante de jornalismo que foi vítima de feminicídio durante uma Calourada na sua universidade, em janeiro deste ano. 

Por isso, as entidades estudantis da UFRJ em conjunto com o Movimento Correnteza seguem na luta para organizar mais estudantes para lutar por uma universidade mais segura para todes, por mais creches para as mães e pelo fim dos assédios e por uma universidade livre de qualquer tipo de violência.