Movimento de Mulheres Olga Benario inaugura novo espaço de luta e enfrentamento à violência contra as mulheres em Santo André (SP).
Coord. Mov. Olga Benario | São Paulo (SP)
A Casa da Mulher Trabalhadora Carolina Maria de Jesus foi conquistada fruto da ocupação de um imóvel abandonado na cidade de Santo André, em São Paulo. A ação aconteceu no dia 25 de julho de 2021, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario para denunciar o aumento da violência na região do Grande ABC e reivindicar uma Casa de Passagem Regional.
A ocupação durou quase um ano e agora, no último dia 29 de abril, a Casa da Mulher Trabalhadora foi inaugurada num outro espaço, também em Santo André.
“Foi um ano avançando na denúncia sobre violência, realizando atos, panfletagens e, principalmente, organizando mais mulheres para a luta popular. Com o processo de reintegração de posse, o Movimento conquistou um espaço cedido pela Prefeitura de Santo André para garantir a continuidade da luta”, afirma Larissa Mayumi, coordenadora da Casa.
Ainda de acordo com a Coordenação, este será um espaço de formação para mulheres e a prevenção da violência. “Aqui organizaremos mais mulheres para lutar em defesa de seus direitos, para a garantia da autonomia delas, e também divulgaremos e apoiaremos os serviços públicos que realizam o atendimento às mulheres em situação de violência. Assim como os trabalhadores têm seus sindicatos, espaços fundamentais para organizar suas lutas, nós, mulheres, também precisamos dos nossos. Isso facilita muito que mais mulheres saibam que lutamos pelas nossas vidas”, explica Larissa.
A luta pelo fim da violência contra a mulher é histórica no movimento feminista e são muitas as táticas de desenvolvidas pelas mulheres ao longo dos anos. As ocupações do Movimento Olga Benario têm sido vitoriosas em denunciar a grave realidade e em pressionar o Estado por políticas em defesa das vidas das mulheres.
No primeiro trimestre deste ano, enquanto os homicídios diminuíram no Estado de São Paulo, os casos de feminicídio aumentaram. Neste cenário, integrantes do Movimento acreditam que a conquista da Casa é um exemplo de que, somente lutando, é possível conquistar vitórias.
Luiza Fegadolli, coordenadora do Movimento, denuncia que “uma mulher é assassinada a cada seis horas no Brasil e, nos últimos anos, o governo fascista cortou o orçamento das políticas sociais em 90%. Além disso, a taxa de feminicídio e de estupros cresceu no ABC Paulista. Nesse contexto, a Casa Carolina é uma conquista muito importante porque mostra que é através da mobilização popular que mudaremos essa realidade”.
Essa é uma importante vitória e um exemplo de que só com organização popular e luta é que podemos avançar no enfrentamento da violência contra as mulheres e na construção de uma sociedade mais justa para elas, uma sociedade socialista.
Matéria publicada na edição nº 270 do Jornal A Verdade