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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Seminário Estadual do Movimento Correnteza, em Salvador, debate a construção da UNE

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Realizado na Escola de Belas Artes da UFBA, o evento reuniu estudantes universitários de instituições públicas e privadas do estado para discutir a organização e construção de uma União Nacional dos Estudantes (UNE) mais combativa, sob uma conjuntura marcada por ataques fascistas.

Isabella Tanajura, Matheus Portela e Paula Cavalcante | Redação Bahia


JUVENTUDE – Neste sábado (29), o Movimento Correnteza na Bahia realizou o seu seminário estadual, reunindo estudantes de universidades públicas e privadas da Região Metropolitana de Salvador e do Recôncavo Baiano, a exemplo de UFBA, UCSAL, UNEB, UFRB, Estácio, entre outras.

O seminário contou com uma mesa de abertura que tratou da conjuntura política do Brasil de hoje, com participação de Eslane Paixão, atual presidenta estadual da Unidade Popular na Bahia, que também atuou na União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e construiu a União Nacional dos Estudantes (UNE). Durante a sua fala, Paixão pontuou que é de extrema importância a construção de uma UNE que possa cumprir um papel tão ou mais significativo para a derrota do fascismo quanto o que cumpriu durante a ditadura militar.

Mesa de conjuntura destacou a importância da mobilização estudantil para barrar o fascismo desde a ditadura militar (Foto: Isabella Tanajura / Jornal A Verdade).

O cenário das universidades públicas na Bahia 

Ao longo dos debates, os participantes trouxeram exemplos de como a direção imobilista dos DCEs dirigidos por movimentos que compõem há décadas a majoritária da UNE impede que estudantes acessem direitos básicos e possam permanecer na universidade. “[A universidade] é um lugar que o tempo todo é hostil ao estudante. O estudante não se sente representado. O que ele quer e o que ele fala não acontece na universidade, seja uma residência ou R.U.” relata Eduardo, estudante de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “A gente sabe que a frase que a direção apática que se encontra na UNE e nos DCEs é que temos que ‘ter calma, a gente precisa ter paciência’. Quem tem fome não tem calma e nem paciência, porque as contas não vão esperar, elas não vão ter paciência”, completa o estudante. Além disso, discutiram-se pautas centrais do Movimento Correnteza, como o fim do vestibular e o passe livre para estudantes.

Hoje, mais de 70% dos estudantes de universidades federais são provenientes de famílias de baixa renda. É urgente lutar pela permanência universitária e pela garantia de verba, auxílio e recursos em instituições públicas, sobretudo após o período turbulento da história brasileira que foi o governo fascista de Bolsonaro, que promoveu ataques às instituições de ensino, às políticas públicas para a educação, aos professores e ao fomento à pesquisa científica, tornando as universidades consideravelmente fragilizadas. Na Bahia, este impacto não poderia ser diferente.

Estudante de Psicologia da UNEB, a militante Raquel destacou que o fascismo é uma realidade no Brasil, e que a ideologia da juventude das escolas e universidades deve ser disputada, pois se eles não abraçarem o antifascismo, podem acabar abraçando a ideologia fascista. Estudante de pós-graduação na UEFS, Paula Cavalcante destacou que dar atenção às pautas relativas à cobrança da memória da ditadura militar no Brasil é essencial neste processo, dado que o modo de como as universidades estão estruturadas e como o sistema educacional está organizado hoje é diretamente resultante de como as forças ditatoriais atuaram no Brasil entre 1964 e 1985, impedindo o debate, o desenvolvimento científico e o livre pensar, por meio de discursos e ações que determinaram materialmente como as universidades funcionariam nas décadas seguintes. Além disso, é também necessário dar atenção a propostas culturais para chamar atenção dos estudantes. “Marxistas importantes, como Antonio Gramsci ou militantes dos Panteras Negras, como Angela Davis e Emory Douglas, sempre destacaram o papel da arte e da cultura na propaganda ideológica”, aponta a estudante. 

Ao longo do seminário, os participantes propuseram ações para não apenas atrair estudantes universitários para a constituição de chapas e DCEs e para a mobilização rumo ao CONUNE, como também provocar reflexões teóricas que os politizem a longo prazo, a exemplo de plenárias, atividades formativas como cursos e oficinas e cine-debates. Por fim, no seminário, foi aprovada uma nova composição da Coordenação Estadual do Movimento Correnteza na Bahia, integrada por 12 lideranças estudantis que representaram as principais pautas dos estudantes baianos.

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