Sobre o trabalho ideológico do Partido

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“A teoria deixa de ter objeto quando não se acha vinculada à prática revolucionária, exatamente do mesmo modo que a prática é cega se a teoria revolucionária não ilumina seu caminho.” (J. Stálin, “Fundamentos do Leninismo”)

Heron Barroso | Escola Nacional Manoel Lisboa de Formação do PCR


TEORIA MARXISTA – A tarefa de organizar e fazer a revolução só pode ser cumprida com êxito se cada companheiro e companheira compreender e assimilar em sua prática cotidiana os fundamentos do marxismo-leninismo. Estudar as ideias de Marx, Engels, Lênin e Stálin, as experiências de construção do socialismo em outros países, o Programa e os documentos publicados pelo Partido, nos permite aprender a maneira correta de analisar e resolver cada problema da vida política e pessoal de um ponto de vista revolucionário, lutar contra a influência do individualismo e da ideologia burguesa, fortalecer a moral comunista e seguir trabalhando com entusiasmo pela vitória do socialismo.

O marxismo-leninismo é uma doutrina extraordinária. Antes de Marx, os operários não sabiam por quê eram explorados, nem por quê as terras, as fábricas, as máquinas, os bancos, as lojas, enfim, os meios de produção, eram propriedades de um punhado de capitalistas, enquanto eles – os trabalhadores, os verdadeiros produtores de todas as riquezas – não tinham nada além de um salário miserável e uma vida cheia de privações. Marx e Engels elevaram o socialismo à condição de ciência e mostraram aos proletários que eles são os verdadeiros senhores do mundo. Pela primeira vez na história, o desejo milenar da humanidade de viver numa sociedade sem fome, desemprego e guerras deixou de ser um sonho distante e tornou-se possível através da revolução.

Como não se fascinar por essas ideias? Elas mobilizam, dão energia aos desanimados, orientam os perdidos, sacodem os indiferentes, organizam e põem as massas em movimento. Por isso, uma das tarefas mais importantes dos comunistas revolucionários é o estudo, a agitação e a propaganda do socialismo científico.

Lutar e estudar

Stálin definiu o marxismo como sendo “a ciência das leis do desenvolvimento da natureza e da sociedade, a ciência da revolução das massas oprimidas e exploradas, da vitória do socialismo em todos os países e da edificação da sociedade comunista”. Como toda ciência, qualquer um pode conhecer a fundo os princípios e fundamentos da teoria marxista, desde que estude com dedicação, método e disciplina. Para os trabalhadores essa é uma questão de vida ou morte, pois eles só poderão se livrar da exploração dos patrões se estiverem armados de uma teoria revolucionária que aponte o caminho da conquista do poder e da construção da nova sociedade.

Apesar disso, infelizmente, persiste entre nós uma subestimação da importância da teoria e do trabalho ideológico do Partido. Prova disso são os coletivos que não estudam com frequência em suas reuniões, os assistentes que não acompanham o que os militantes estão lendo, as sedes que não têm biblioteca organizada e a falta de planejamento para a realização dos cursos de formação.

Muitos camaradas concordam em palavras que “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”, mas dizem que não têm tempo para estudar devido às muitas tarefas no Partido. Ao agirem assim, se deixam dominar pela correria do dia a dia e esquecem que a ideologia comunista não se desenvolve em nossas consciências espontaneamente, sem esforço e iniciativa.

É verdade que as crescentes tarefas e responsabilidades políticas que temos demandam muito do nosso tempo e energia, mas isso não pode ser utilizado como desculpa para não estudar o marxismo ou considerar essa questão uma coisa secundária, que dá pra fazer quando sobrar tempo.

Ora, se planejamos os calendários de reuniões e as atividades do movimento de massas, por que não podemos planejar também nosso estudo, com metas, horários e prazos bem definidos?

Da mesma forma, é preciso combater o engano dos que pensam que aprender a teoria é algo muito difícil e que essa é uma tarefa apenas para “cabeças iluminadas”. Com certeza, o estudo do marxismo tem suas dificuldades, mas elas são perfeitamente superáveis se adotamos métodos corretos de aprendizado e buscamos apoio no coletivo.

Se cada companheiro e companheira, seja militante de base ou quadro do Partido, examinar com espírito crítico o uso que faz do seu tempo, chegará sem dúvida à conclusão de que perde muitas horas consumindo conteúdos inúteis e impregnados de ideologia burguesa na TV e na internet, essa verdadeira arma de distração em massa. Também perdemos bastante tempo em atividades e reuniões que frequentemente começam atrasadas e se demoram mais que o necessário por serem mal preparadas. Esse tempo desperdiçado poderia ser dedicado à leitura do jornal do Partido, à prática de atividades físicas, à cultura, à realização de cursos de formação e ao estudo individual dos clássicos do marxismo-leninismo, muitos deles já publicados pelas Edições Manoel Lisboa.

Não se trata aqui de deixar de ver TV, assistir a um filme ou promover menos reuniões e atividades, mas de perceber que nosso problema não é a falta de tempo ou capacidade, mas de critério, organização e disciplina. Se corrigirmos essas falhas, com certeza encontraremos o tempo necessário e adequado para ler, estudar, se exercitar e realizar nossas tarefas.

Luta ideológica

Porém, nada disso será feito sem travar uma profunda luta ideológica contra o espontaneísmo, a preguiça intelectual e a acomodação. Sem crítica e autocrítica, sem vigilância e controle revolucionário, a coesão, a firmeza e a combatividade do Partido se enfraquecem, o militante fica sem perspectivas, desanima do trabalho, se deixa influenciar pela propaganda do inimigo e perde a confiança nas massas e na revolução.

A debilidade do trabalho ideológico também dificulta nossa luta contra o individualismo, o machismo e outras manifestações da ideologia burguesa no interior do Partido, e abre as portas de nossa organização às concepções liberais e aos contrabandos do revisionismo contemporâneo, que rejeita o marxismo-leninismo, substituindo-o por teorias ecléticas e pós-modernas, que no fundo negam o centralismo democrático, a disciplina bolchevique e os princípios morais comunistas.

De fato, os camaradas que não estudam frequentemente vacilam sobre questões fundamentais da política do Partido e são presas fáceis para provocadores e oportunistas, deixando-se levar pelos “modismos” e “polêmicas da internet”. Dessa forma, têm mais dificuldade de trabalhar com força, energia e entusiasmo, e acabam se afastando.

Ao contrário, aqueles que se esforçam por compreender e assimilar a nossa ideologia e linha política lutam com mais empenho, não se deixam abater pelas dificuldades, elevam sua moral e não hesitam em entregar todo seu tempo, energia e inteligência à causa da libertação da classe trabalhadora.

Sobre a importância da formação ideológica na construção do homem e da mulher novos, vale a pena recordar as palavras do camarada Ho Chi Minh, grande dirigente da revolução vietnamita: “Para eliminar as sequelas da antiga sociedade, para forjarmos em nós uma virtude revolucionária, devemos estudar, aperfeiçoar-nos, remodelar-nos para progredir sem cessar. Se não nos esforçássemos para progredir, regrediríamos e ficaríamos atrasados. Ora, o homem demorado, o homem atrasado, será rejeitado pela sociedade que progride”.

Portanto, se não queremos nos atrasar diante das tarefas da revolução, precisamos estudar mais, assimilar os princípios gerais do marxismo-leninismo, seu espírito revolucionário, e levar à prática tudo que aprendemos. O verdadeiro comunista, esteja onde estiver, sejam quais forem as dificuldades, deve sempre estar na vanguarda, renovar sua confiança no Partido e a certeza no triunfo do socialismo.

Nossas tarefas

Diante disso, cada militante e o Partido como um todo devem levar a sério o trabalho ideológico. A formação dos coletivos e o estudo individual precisam ser planejados, discutidos nas reuniões e acompanhados pelos assistentes e pela direção.

Ler e refletir sobre cada artigo do jornal A Verdade é o ponto de partida. Ler as publicações das Edições Manoel Lisboa é o próximo passo, seguido da leitura de outros livros clássicos do marxismo-leninismo e pela realização de cursos de introdução ao marxismo para os novos militantes, pela organização de uma biblioteca em cada estado e pela execução do Cronograma Nacional de Formação da Escola Manoel Lisboa. Como dissemos, a falta de tempo pode ser resolvida com mais organização e divisão das tarefas.

Se conseguirmos vencer a subestimação do estudo da teoria, nosso Partido lutará ainda melhor pela revolução.