CEITEC: a luta pela preservação da indústria nacional de semicondutores

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Luta dos trabalhadores da CEITEC garante manutenção da empresa como estatal. Trabalho da estatal possibilita o país a conseguir independência econômica na indústria de semicondutores.

Redação PE


BRASIL – O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC), com sede nacional em Porto Alegre (RS), desempenha um papel crucial no cenário tecnológico brasileiro. Criado em 2008, o CEITEC é um centro inovador dedicado à pesquisa, desenvolvimento e produção tecnológica de semicondutores e chips, com maior ênfase no setor agrícola, sendo uma empresa pública e estatal estratégica para a soberania nacional.

No ano de 2021, ainda sob a gestão do governo Bolsonaro, a estatal quase foi vendida, após ser incluída no Plano Nacional de Desestatização (PND) alegando inviabilidade econômica e que a fábrica não apresentava lucros. Contudo, após diversas manifestações dos trabalhadores da estatal, o Tribunal de Contas da União (TCU) no mesmo ano interveio e arquivou o processo licitatório de venda da estatal.

Atualmente, a fábrica, que possui cerca de 67 funcionários de carreira, foi retirada do processo de privatização e está em processo de reinvestimento sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), porém o seu futuro é incerto e não se sabe se novos investimentos por parte do governo federal serão realizados.

É fato que a manutenção do CEITEC como empresa pública e estatal traz diversos impactos econômicos importantes. Isso impulsiona a indústria nacional e fortalece a independência econômica do Brasil em relação ao sistema capitalista mundial.

É importante destacar que a indústria de microchips exige investimentos a médio e longo prazo e não garante retornos imediatos. Nesse contexto, a manutenção do CEITEC como empresa pública possibilita ao governo a implementação de políticas voltadas à inovação tecnológica, impulsionando o desenvolvimento técnico e científico nacional.

Através do investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia avançada, o Brasil consegue reduzir sua dependência de importações de chips e semicondutores, diminuindo gradualmente sua vulnerabilidade frente aos modelos tecnológicos e hegemônicos de países como Estados Unidos e China.

Para garantir a soberania nacional em setores estratégicos da economia, é fundamental que o Brasil mantenha o controle sobre a produção de chips e semicondutores. A dependência de tecnologia importada pode colocar o país em uma posição vulnerável, sujeito a influências externas e possíveis embargos comerciais. O CEITEC, como um setor estratégico e empresa estatal, é uma salvaguarda contra essas vulnerabilidades, garantindo o acesso do Brasil à tecnologia de ponta mesmo em momentos de turbulência econômica global.

Contudo, o CEITEC tem enfrentado desafios políticos que colocam em risco sua continuidade. Apesar de ter abandonado o projeto de privatização e retornado ao apoio de investimentos estatais, é inegável que diversas empresas privadas ainda buscam uma fatia desse mercado.

O setor privado de tecnologia, com bilhões de dólares em faturamento, ainda ambiciona participar e tentará aproveitar oportunidades, como as chamadas parcerias público-privadas, para se apossar dessa empresa estatal. Sob o pretexto de que apenas o Estado não seria competente para gerenciar empresas públicas, essas parcerias podem acabar resultando na entrega do patrimônio nacional às mãos privadas.

Portanto, é crucial que o governo brasileiro reafirme seu compromisso com o CEITEC e promova políticas de longo prazo para garantir sua continuidade. Investimentos consistentes em pesquisa, desenvolvimento e infraestrutura são fundamentais para o crescimento sustentável da indústria de tecnologia eletrônica no país.

Em complemento, a categoria da estatal precisa continuar mobilizada, para que possam ocorrer novas vitórias, garantindo um plano de investimento pesado por parte do governo na fábrica, exigindo novos concursos públicos. Garantindo assim, um serviço público de qualidade e permitindo a entrada do Brasil como uma das potências mundiais em semicondutores e chips no novo período que se inicia em relação a discussão sobre o avanço da internet de todas as coisas, tecnologias 5G e demais tecnologias automatizadas, objetivando beneficiar e democratizar o acesso para toda população brasileira.