Edinho Vieira | Belo Horizonte
LUTA POPULAR – No dia 13 de julho, famílias das Ocupações Manoel Aleixo, Carolina Maria de Jesus e Vicentão, mais uma vez acamparam na porta do Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte (MG). A exigência é que o acordo que foi firmado com a Cohab-MG e o Governo de Minas, que se arrasta por cinco anos, seja de fato cumprido. O acordo prevê que as 210 famílias das Ocupações Vicentão e Manoel Aleixo sejam reassentadas e que também seja garantida a permanência das 80 famílias da Ocupação Carolina no prédio que ocupam no Centro da cidade.
Mesmo com o sol intenso, o frio e a chuva da madrugada e reiteradas investidas da Polícia Militar, que a todo momento ameaçava dispersar o movimento com violência, as famílias se mantiveram firmes.
Na tarde do segundo dia, foi realizada uma reunião de negociação, como fruto da luta das centenas de famílias representada pelo grupo de pessoas acampadas na porta do palácio do governo. Além dos representantes das ocupações, participaram Ministério Público de Minas Gerais, Defensoria Pública do Estado, Secretaria Nacional de Habitação, Cohab-MG e Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). Ficou acordado que, até o dia 07 de agosto, o Governo do Estado destine um terreno às famílias. Nesse período, o MLB buscará, junto ao Governo Federal, meios para a construção das casas.
Também ficou acordado que, junto ao movimento, a Prefeitura, o Ministério Público e o Governo Federal buscarão as condições para a construção do primeiro retrofit popular em Belo Horizonte, através do Minha Casa, Minha Vida. Retrofit é um processo que tem por objetivo restaurar prédios antigos preservando a arquitetura original e adequando-os à legislação vigente.
Ao final da reunião de negociações, foi realizada uma assembleia no acampamento para comunicar o resultado das conversações e os encaminhamentos. Esses resultados foram vistos com euforia pelas famílias, que sentiram a força e a importância da mobilização.
Para Luciano Santos de Oliveira, coordenador da Ocupação Manoel Aleixo, “o acampamento foi fundamental, pois a presença das famílias na rua pressionou o poder público e foi o que, de fato, resolveu. Foi a força que faltava para se cumprir o acordo que já estava firmado. Isso mostra que, se ficássemos apenas esperando pela boa vontade do Governo do Estado e da Prefeitura, iríamos esperar mais cinco anos. Se for necessário, voltaremos novamente para a porta do Palácio e para as ruas para defender nosso direito à moradia digna”.
Matéria publicada na edição nº 275 do Jornal A Verdade.