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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

OXXO no Brasil – A Conveniência que Mascara o Capitalismo Predatório

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A expansão acelerada da OXXO, uma gigante do varejo mexicana controlada pela FEMSA, no Brasil, exemplifica as faces mais sombrias do capitalismo, ameaçando o comércio local e explorando os trabalhadores através de práticas trabalhistas questionáveis.

Reinilson Câmara | São Caetano do Sul


BRASIL – Originária do México, a OXXO pertence à FEMSA (Fomento Económico Mexicano S.A.B. De C.V.) – uma entidade poderosa com investimentos em várias indústrias que vão desde engarrafamento de Coca-Cola até uma parcela substancial de ações da Heineken International.

Fundada em 1977, a OXXO rapidamente tomou conta do México com mais de 14.000 lojas e uma participação impressionante de 73% no mercado de conveniência.

Mas a ascensão da OXXO vai além de um mero caso de expansão comercial. Ela representa a exportação de capital estrangeiro que busca subordinar a economia local intensificando a exploração dos trabalhadores.

Piores condições de trabalho

Em sua busca implacável por lucro a OXXO desenvolveu maneiras de burlar as normas trabalhistas. No México, a empresa recorre a um modelo de “líderes de loja”. Essa prática cria um limbo trabalhista que facilita a exploração e a precarização do trabalho.

Os “líderes de loja”, que muitas vezes recrutam suas próprias famílias para gerir as lojas OXXO, representam uma forma de burlar o sistema trabalhista. Esses indivíduos não são reconhecidos oficialmente como empregados, mas também não são proprietários no sentido convencional do termo. Isso os deixa em uma posição ambígua, que muitas vezes leva ao aumento da exploração e precarização de seu trabalho.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CNDH) tem recebido inúmeras queixas relacionadas a essas condições de trabalho.

Em 2020, a OXXO enfrentou uma enxurrada de denúncias de violações de direitos trabalhistas, incluindo alegações de horários de trabalho excessivamente longos, falta de pagamento de horas extras e condições de trabalho precárias. De acordo com um relatório de 2021 da CNDH, mais de 5.000 queixas foram apresentadas contra a empresa, o que indica uma situação alarmante.

Portanto, ao analisarmos a expansão da OXXO no Brasil não devemos nos deixar enganar pela retórica da conveniência e da eficiência. Devemos questionar a que custo esses benefícios vêm e quem realmente se beneficia deles.

A verdade amarga é que, por trás do brilho da nova loja de conveniência, esconde-se um modelo de negócios que explora e precariza o trabalho.

Um brigadista do Jornal A Verdade e trabalhador da OXXO revelou que: “todos os produtos da loja têm seguro, então eles não se importam com a segurança da loja e, muito menos, dos trabalhadores. Trabalho em uma loja que não tem segurança nem no período noturno”.

Prática de dumping no comércio local

A expansão da OXXO no Brasil também ameaça extinguir o pequeno comércio. Seu modelo de negócios pode desestabilizar as economias locais pela prática conhecida como dumping. Nela, uma empresa com grande capital vende seus produtos ou oferece seus serviços por um preço menor do que o praticado na região, mesmo que tenha prejuízo ou lucros menores que os concorrentes no início.

A vantagem no caso da OXXO é atrair os consumidores da concorrência que, por serem mercados familiares, não conseguirão praticar os mesmos preços e irão à falência com a perda de clientes ou a diminuição do lucro.

A chegada da OXXO ao Brasil deve, portanto, ser entendida não apenas como uma mudança no panorama comercial do país, mas como um símbolo de uma crise mais profunda. Uma crise que está enraizada na própria essência do capitalismo e que Lênin definiu ao estudar e explicar a fase superior do capitalismo – o imperialismo.

A precarização do trabalho e a extinção dos pequenos negócios são manifestações da instabilidade e insustentabilidade intrínsecas ao sistema. Contudo, é crucial perceber que esses efeitos prejudiciais não são acidentes ou falhas no sistema, mas sim o funcionamento normal do capitalismo.

No entanto, estas crises não são inevitáveis. É nosso dever nos opor a essa onda crescente imperialista e lutar por um futuro em que a economia sirva às pessoas e não o contrário. Devemos desafiar a narrativa de que o avanço de empresas como a OXXO é inevitável ou benéfico e, em vez disso, denunciar que tais práticas reforçam a desigualdade e a exploração.

A história e a teoria marxista nos ensinam que existe uma alternativa a essa ordem econômica. Este futuro alternativo é um em que o trabalho e o capital não são concentrados nas mãos de uma elite econômica, mas são democratizados e compartilhados igualmente.

É um futuro em que empresas como a OXXO não podem mais operar livremente para explorar os trabalhadores e apagar a existência de pequenas empresas.

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