A maior reinvindicação dos estudantes era para que houvesse no curso de História uma disciplina que auxiliasse na compreensão e na escrita dos textos acadêmicos. A disciplina foi criada após pressão estudantil.
Lucas Simião| São Paulo
EDUCAÇÃO – O curso de História da USP está passando por uma reforma curricular a ser implementada totalmente no primeiro semestre letivo de 2024. A reforma está sendo discutida desde 2008, porém sua forma atual foi decidida somente em 2018, depois que a Comissão da Reforma Curricular composta por alguns estudantes e professores apresentou a proposta para o público geral do curso em grandes discussões.
A pandemia de COVID 19 acabou atrasando a implementação da reforma e o Centro Acadêmico de História (CAHIS USP), do qual militantes do Movimento Correnteza fazem parte desde 2019, conseguiu retomar a Comissão da Reforma Curricular com participação de estudantes, professores e funcionários em 2022.
A partir desta Comissão foi possível pressionar o Departamento de História para que fossem feitas plenárias de caráter deliberativo que contaram com grandes mobilizações dos estudantes, um total de mais de 150 alunos dos períodos vespertino e noturno estiveram presentes.
As plenárias tiveram como um de seus fins ouvir as opiniões e as demandas dos novos estudantes que entraram nos 4 anos em que a implementação da reforma ficou congelada, estudantes que seriam deixados de lado pelo departamento.
A maior reinvindicação dos estudantes nas plenárias foi para que houvesse no curso de História uma disciplina que auxiliasse na compreensão e na escrita dos textos acadêmicos. Algo parecido já existia no curso de filosofia com a disciplina “Práticas de Leitura e Escrita Acadêmica”.
O conceito foi aprovado na reunião e encaminhado pela Comissão da Reforma, que formulou a disciplina “Práticas de Leitura e Escrita Historiográficas” – PLEH. A PLEH visa cumprir as funções já descritas acima com um enfoque em textos historiográficos, possibilitando uma melhor compreensão dos textos exigidos pelo curso e maior facilidade na escrita de trabalhos acadêmicos, artigos etc.
Desigualdade na educação básica reforça a demanda dos estudantes
A conquista da PLEH, que passou a ser oferecida regularmente já no segundo semestre letivo de 2023, demonstra a capacidade dos estudantes de interferirem a níveis profundos nas políticas das universidades e as consequências de um movimento estudantil combativo.
Uma disciplina como essa é extremamente importante no contexto de um curso elitista e que exige uma carga de leitura altíssima e de textos extremamente complexos, do qual vale lembrar também da luta do Centro Acadêmico em conjunto com os estudantes para manter a impressão gratuita no curso, algo que a diretoria da FFLCH pretendia encerrar e que foi barrado pelos estudantes.
A precariedade do ensino nas escolas públicas gera uma disparidade na facilidade com o curso, que a PLEH ajudará a superar, mas que deve ser resolvida totalmente com uma educação pública, gratuita e de qualidade em todas as esferas da educação.
Um novo currículo impacta diretamente em nossas vidas e devemos fazer nossas demandas serem ouvidas em todos os espaços das universidades.
Os estudantes devem estar presentes, lutando por seus direitos e contra a tradição das universidades de passar por cima de nossas opiniões e reivindicações. As universidades também são nossas!