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domingo, 22 de dezembro de 2024

Estudantes da UERJ exigem pagamento de bolsas e auxílios

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Universidade não pagou os alunos da graduação alegando não haver repasse do estado. Enquanto isso, estudantes acumulam aluguéis e faturas vencidos. 

Acauã Pozino | Redação Rio


EDUCAÇÃO – Na noite da terça-feira (12), estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) lotaram o hall de entrada do Pavilhão Reitor João Lira Filho, principal prédio da universidade, em um ato convocado por estudantes cotistas e apoiado por movimentos e centros acadêmicos. O motivo da indignação é o atraso no pagamento das bolsas e auxílios recebidos pelos alunos da graduação, particularmente aqueles destinados à permanência dos estudantes (Bolsa permanência, auxílio alimentação, transporte etc.).

O ato se concentrou durante uma hora e meia no hall, conhecido como Hall do Queijo, e depois ocupou a entrada da reitoria, exigindo uma resposta do reitor ou de sua assessoria. Desde 2021, as bolsas e auxílios da UERJ caíam entre o quinto e o sétimo dia útil.

Isso, por si só, já contraria uma lei estadual promulgada em 2016, que determina que o pagamento dos estudantes da graduação deve ser feito junto com o dos servidores da universidade. No entanto, desde maio alguns auxílios já vinham sofrendo atraso, como o auxílio transporte.

Já no mês de setembro, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil divulgou uma nota informando que não havia repasse do governo do estado e que, portanto, não havia prazo para o pagamento das bolsas dos estudantes. A nota também afirmava que, institucionalmente, o prazo para pagamento era o décimo dia útil e que o fato de o dinheiro cair entre o quinto e o sétimo nos últimos anos é mérito da atual gestão da reitoria — candidata à reeleição no pleito que já está em andamento.

Essa afirmação foi interpretada por muitos estudantes como uma insinuação de que os alunos deveriam ser gratos por receber os auxílios em um prazo condizente com os prazos das despesas comuns do Brasil (conta de água, luz, aluguel, telefone, etc.).

Tristes coincidências

Apesar da postura impopular da reitoria, tampouco o governo do estado é isento de participação. O atraso no repasse para a UERJ vem logo depois de ser apresentada na Assembleia Legislativa um projeto de lei que extingue a UERJ e remaneja seus estudantes para universidades privadas.

O projeto é de autoria de Anderson Morais (PL), parlamentar que, na legislatura anterior, já era conhecido pelos uerjianos por invadir o campus Maracanã durante a pandemia e rasgar uma faixa pendurada pelo sindicato de professores da universidade (ASDUERJ). Após um acordo entre os parlamentares, ficou decidido que o projeto não será discutido até o ano que vem.

Vale lembrar que Anderson Morais pertence ao mesmo campo político fascista do governador Claudio Castro e de seu antigo padrinho político, o ex-presidente, ex-capitão e ladrão de joias Jair Bolsonaro.

Outra “triste coincidência” é que os atrasos nos auxílios começaram após haver denúncias de uso impróprio do orçamento da universidade para benefício de cabos eleitorais do ex-reitor Ricardo Lodi, líder original da chapa que ganhou a última eleição, e de aliados políticos do governador Claudio Castro e da própria família Bolsonaro.

Mobilização dá frutos, mas sofre repressão

Após as intensas mobilizações do dia 12, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil anunciou que as bolsas serão pagas até sexta-feira (dia 15 de setembro). Apesar de ainda preocupar muitos estudantes que terão que encarar multas de aluguel e juros rotativos, esse anúncio prova que a mobilização combativa do povo e dos estudantes é capaz de enfrentar a vontade dos corruptos e dos fascistas.

No entanto, após decidirem democraticamente levar o ato para a rua São Francisco Xavier, em frente à universidade, os estudantes receberam da Polícia Militar ameaças, agressões, e gás de pimenta nos olhos. Com certeza, o governador Claudio castro não atrasou o pagamento das fornecedoras de material repressivo e nem a ordem de “dispersar” a manifestação dos estudantes.

Mobilização Continua

Durante o ato, foi convocada uma assembleia estudantil para quarta-feira, dia 13. O espírito geral é o de seguir pressionando até o pagamento das bolsas, bem como a revisão de auxílios excludentes, como o auxílio moradia cujos critérios não cobrem a grande maioria dos que precisam.

Assistência e permanência estudantil é um direito e os estudantes não irão deixar que “o maior plano de assistência estudantil da América Latina” se transforme em apenas mais um slogan de campanha.

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